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Jornalismo, Engenharia e Liderança: A visão de um dos apresentadores mais experientes do rádio e TV, ex-professor universitário e ex-Presidente do Conselho do SFC. Fatos sob todas as perspectivas.
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Guilherme Derrite, dublê de secretário de Segurança de SP e deputado federal (PP-SP), tem um olho no gato e outro no peixe. Quer se eleger senador no ano que vem. O “senador da segurança”. E pra isso precisa se manter de pé na prancha, surfando na onda que surgiu no Rio de Janeiro na megaoperação das 121 mortes. Mas também pode vestir a capa de “governador da segurança”, caso o chefe Tarcísio consiga a bênção do clã Bolsonaro para a legenda direitista na campanha presidencial.

Nesta terça-feira, a prancha passou por uma turbulência: 22 entidades que representam policiais civis e militares paulistas marcaram um protesto contra Tarcísio e Derrite. Tarcísio prometeu audiência na semana que vem e tentou esvaziar o movimento. Mas enfrenta o descrédito. Os policiais não acreditam mais nele. Um dilema político. Como envergar a camiseta verde-amarela da luta contra a bandidagem sem contar com esse batalhão de mais de 120 mil cabos eleitorais civis e militares? Pior: com a possibilidade real de ter um contingente desses de “contreiros”?

Derrite e Tarcísio têm outro “ser ou não ser” ainda mais desgastante: o chega pra lá atabalhoado que o secretário tentou dar na Polícia Federal, no projeto de lei Antifacção,

Como oficial da PM e secretário de Segurança, Derrite está farto de saber que não tem cabimento a exigência de autorização de um governador para uma investigação da Polícia Federal num estado. O alvo pode ser um aliado do governador. Pode ser o próprio governador. E o segredo é muito mais a alma de uma investigação do que de um negócio.

Como político, entretanto, Derrite pode esquecer dessa evidência e lembrar que há pelo menos 80 parlamentares e ex-parlamentares sendo investigados por desvio de dinheiro de emendas pra lá de nebulosas. O apoio deles pode ser decisivo na aprovação desse projeto que imprime o carimbo da “segurança” na candidatura do ano que vem. Porque ele pretendia dar aos governadores poder de veto até sobre investigações já em andamento. Mas o feitiço pode se virar contra e colocar no secretário a auréola de santo protetor dos corruptos.

Por baixo do pano, tem um elemento mais opaco, menos visível. Mas que pode ser precioso para Tarcísio ser ungido pelo clã. O bolsonarismo defende a tese de que um pilar de uma suposta ditadura do Supremo é o poder de mobilizar a Polícia Federal contra desafetos políticos com investigações injustificadas e arbitrárias. A teoria é elemento importante dessa cruzada de “desempoderamento” do STF. Colocar esse cabresto estadual na Polícia Federal, e por tabela no Supremo, poderia adoçar definitivamente o bico bolsonarista para um Tarcísio presidenciável.

Mas pelo jeito o secretário foi com muita sede à caneca e alguém botou água no chope dele.

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