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O Instituto Médico Legal confirmou que o corpo encontrado carbonizado nos escombros da casa que explodiu no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, é de Adir de Oliveira Mariano, de 46 anos. Ele era baloeiro, morava no imóvel havia cerca de 40 dias e, segundo a investigação, utilizava a casa como depósito clandestino de fogos de artifício.

A explosão aconteceu na noite de quinta-feira (13), por volta das 19h45, e deixou um morto, ao menos dez feridos e um rastro de destruição que atingiu mais de 20 imóveis no entorno da Rua Francisco Bueno, próximo às avenidas Celso Garcia e Salim Farah Maluf.

A família confirmou que o corpo será cremado em uma cerimônia reservada.

Adir tinha histórico relacionado à prática de soltar balões com fogos. Em 2011 e 2012, ele foi investigado por crimes ambientais ligados à soltura de balões em São José dos Campos. Em 2015, acabou absolvido por falta de provas. Apesar disso, continuava envolvido com o meio dos baloeiros e mantinha postagens em redes sociais exaltando a “arte” dos balões, citando papel, cola, velas e fogos.

Ele havia se mudado para o imóvel do Tatuapé cerca de 40 dias antes da explosão. Nesse período, segundo as autoridades, a casa foi transformada em um ponto de armazenamento ilegal de fogos de artifício e componentes usados em balões.

A esposa não estava em casa no momento da explosão

A esposa de Adir contou à polícia que havia chegado do trabalho, decidido ir ao shopping e, ao retornar, encontrou a casa completamente destruída. Ela afirmou que não sabia que o marido guardava fogos dentro do imóvel. O celular dela foi apreendido como parte do inquérito.

O contrato de locação da casa estava no nome de Alessandro Mariano, irmão de Adir. A defesa afirma que Alessandro não morava no local há anos, não tinha mais contato com o irmão e só soube recentemente que Adir estava vivendo ali. Ele foi ouvido pela polícia porque seu nome permanecia vinculado ao imóvel.

Depósito clandestino em área residencial

Vistorias iniciais encontraram material compatível com a produção de balões e fogos, incluindo componentes de “cangalhas”, estruturas usadas em balões de grande porte. Peritos tentam descobrir se o imóvel servia apenas como armazenamento ou se havia também fabricação e venda clandestina.

A investigação trabalha com várias hipóteses para a causa do acidente: possível queda de balão sobre o imóvel, curto-circuito, faísca acidental ou manuseio inadequado do material explosivo. Tudo ainda está em análise.

“Parecia um cenário de guerra”: relatos de moradores

A explosão foi tão forte que quebrou vidros de prédios próximos, destruiu fachadas, derrubou muros, estilhaçou janelas e lançou fogos em direção às ruas, criando clarões semelhantes aos de uma queima de Ano Novo.

Moradores relatam que o barulho foi ouvido a vários quarteirões. Carros estacionados foram atingidos por destroços. A fumaça tomou conta das ruas e muitas pessoas saíram de casa acreditando que havia sido um acidente de grandes proporções.

Pelo menos dez pessoas foram socorridas com ferimentos variados, incluindo cortes, escoriações e danos auditivos.

Casas interditadas e medo de saques

Logo após o acidente, a Defesa Civil interditou mais de 20 casas, em diferentes níveis de risco. Atualmente, entre 12 e 13 residências permanecem totalmente ou parcialmente interditadas, aguardando novos laudos estruturais.

Várias famílias passaram a noite na rua com medo de furtos e invasões, revezando-se na vigilância dos próprios imóveis. Algumas relataram tentativas de saque, o que aumentou ainda mais o clima de insegurança na região.

Apesar do apoio social oferecido, ainda não há definição sobre eventual ajuda financeira para reconstrução das casas destruídas.

O que a polícia investiga agora

A Polícia Civil trata o caso como:

  • explosão
  • crime ambiental
  • armazenamento ilegal de material explosivo
  • lesão corporal

Peritos analisam os restos dos fogos encontrados, imagens de câmeras de segurança e os depoimentos de moradores para esclarecer:

  • a causa exata da explosão;
  • o tipo e a quantidade de material armazenado;
  • se havia produção de fogos ou apenas depósito;
  • quem fornecia o material para Adir;
  • se ele agia sozinho ou em grupo;
  • quem responde civil e criminalmente pelo uso irregular da casa.

Com a identificação do corpo, a polícia confirma que a vítima encontrada era, ao mesmo tempo, o principal suspeito de operar o depósito clandestino.

Destaques ISN

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