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Raoni Metuktire, cacique da etnia Caiapó, é uma das figuras mais emblemáticas da luta pelos direitos indígenas no Brasil. Desde os anos 80, o líder tem sido um defensor ativo da preservação ambiental e dos direitos dos povos originários, ganhando destaque mundial quando, ao lado do músico Sting, liderou uma campanha internacional contra o desmatamento e em favor das terras indígenas.
A parceria com Sting, na década de 1980, projetou Raoni globalmente, tornando-o um ícone da resistência indígena. Juntos, eles viajaram o mundo, promovendo a proteção da Amazônia e sensibilizando governos e organizações internacionais sobre a urgência de preservar as terras dos povos indígenas.
A Cobrança de Raoni a Lula
Após subir a rampa do Palácio do Planalto na posse de Lula, Raoni tem sido um dos críticos mais contundentes das promessas não cumpridas pelo governo federal. Em diversas declarações, o cacique ressaltou que o presidente não tem avançado nas questões que foram acordadas durante a campanha de 2022, especialmente em relação à demarcação de terras indígenas, saúde indígena e proteção ambiental.
“Falei com Lula antes dele assumir o cargo, disse que era necessário para que finalmente meu povo, meus parentes, pudessem ter suas terras por direito”, afirmou Raoni em uma de suas recentes entrevistas. Ele reforçou que, até o momento, não viu ações concretas que atendam às demandas históricas dos povos indígenas.
O Contexto das Promessas de Lula
Durante sua campanha, Lula se comprometeu a retomar a demarcação de terras indígenas, a ampliar os serviços de saúde e a adotar políticas públicas mais robustas de preservação ambiental. Esses compromissos foram fundamentais para garantir o apoio de várias lideranças indígenas, que viam no governo petista uma oportunidade de avanço em suas demandas.
Contudo, o cacique Raoni e outros líderes indígenas apontam a falta de ação do governo Lula nas áreas prometidas. Além disso, a questão da exploração de petróleo na foz do Amazonas, uma área de grande importância ecológica, tem gerado grande preocupação entre os povos indígenas, que temem os impactos ambientais dessas atividades em suas terras e no ecossistema da região.
A Mobilização dos Povos Indígenas na COP30
Na COP30, evento internacional realizado em Belém (PA), a pressão sobre o governo aumentou. Lideranças indígenas, incluindo Raoni, participaram de protestos, destacando a importância de proteger as terras indígenas e de impedir a exploração de recursos naturais sem a devida consulta às comunidades afetadas.
Diversos grupos indígenas protestaram contra as políticas de exploração mineral e petrolífera na Amazônia, com alguns até invadindo a conferência para denunciar o que consideram um abandono das promessas feitas pelo governo Lula. Durante a manifestação, a frase “Our land is not for sale” (Nossa terra não está à venda) tornou-se um dos principais lemas, refletindo o descontentamento com a falta de políticas de proteção efetivas.
A Voz de Outros Líderes Indígenas
Raoni não está sozinho nessa cobrança. Outras lideranças indígenas também têm se manifestado contra a gestão de Lula, afirmando que o governo não tem cumprido os compromissos assumidos durante a campanha. A insatisfação é crescente, e muitos povos indígenas estão organizando novas manifestações para exigir que suas demandas sejam atendidas de forma urgente.
A pressão sobre o governo se intensifica à medida que o desmatamento na Amazônia continua e novas propostas de infraestrutura e exploração de recursos são colocadas em pauta. Além disso, questões como o marco temporal, que limita as demarcações de terras indígenas, continuam a ser um ponto de fricção entre o governo e as lideranças indígenas.
