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Na tarde de sexta-feira, 7 de novembro de 2025, o município de Rio Bonito do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, viveu um dos episódios mais devastadores de sua história. Em questão de minutos, ventos de até 250 quilômetros por hora destruíram cerca de 90% da área urbana da cidade. O fenômeno foi confirmado pelo Simepar — o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná — como um tornado de grande intensidade, classificado inicialmente como F2 na Escala Fujita, podendo ter atingido F3 em alguns trechos.

O Simepar é o órgão responsável por monitorar as condições climáticas e ambientais do estado. É ele quem emite alertas de tempestade, avalia formações de nuvens e investiga fenômenos severos como esse. Segundo o órgão, a formação que atingiu Rio Bonito do Iguaçu se deu a partir de uma supercélula, uma tempestade de estrutura giratória capaz de gerar ventos extremos e tornados.

As vítimas

Entre os escombros e a destruição, seis vidas foram perdidas. A mais jovem delas foi Júlia Kwapis, de 14 anos. A adolescente, que se preparava para receber o sacramento da crisma, estava na casa de uma amiga quando o tornado atingiu o bairro. Ela foi levada pela força dos ventos, e sua morte comoveu toda a comunidade.

Outra vítima foi Adriane Maria de Moura, de 47 anos, funcionária de uma indústria de laticínios na cidade. Trabalhadora dedicada e mãe de uma jovem universitária, Adriane era descrita pelos amigos como uma mulher alegre e batalhadora. Ela morreu quando parte da estrutura de um supermercado cedeu durante a ventania.

O agricultor José Neri Geremias, de 53 anos, morava em um assentamento rural no município vizinho de Guarapuava. Conhecido pela simplicidade e força de trabalho, ele tentava proteger a casa quando foi atingido. José havia perdido um filho em um acidente de trânsito há poucos anos e ainda buscava recomeçar a vida.

Outro morador que não resistiu foi Claudino Paulino Risse, de 57 anos. Ele estava em casa cuidando da neta de dois anos quando o tornado destruiu a residência. Claudino era visto pelos vizinhos como um homem calmo e prestativo, que gostava de ajudar todos ao redor.

Jurandir Nogueira Ferreira, de 49 anos, trabalhava na construção civil e sonhava em terminar as reformas de sua casa. Ele estava na residência quando os ventos derrubaram o muro e parte do telhado. Jurandir era casado e pai de dois filhos, conhecidos na comunidade pela fé e união.

A sexta vítima foi José Gieteski, de 83 anos, o mais velho entre os mortos. Figura respeitada na cidade, vivia há décadas em Rio Bonito do Iguaçu e costumava ser visto nas praças e conversas de fim de tarde. Até o momento, sua família não autorizou a divulgação de sua imagem.

Desaparecidos e feridos

Além das seis mortes confirmadas, as autoridades ainda trabalham na busca por desaparecidos. Duas pessoas seguem sendo procuradas pelos bombeiros, que atuam em meio a escombros e áreas de difícil acesso. Mais de 700 moradores ficaram feridos, alguns em estado grave, e centenas de famílias perderam completamente suas casas.

O cenário em Rio Bonito do Iguaçu é de completa destruição. Ruas inteiras ficaram irreconhecíveis, com casas reduzidas a entulhos, árvores arrancadas pela raiz e veículos arremessados a dezenas de metros. Prédios públicos, comércios e igrejas foram severamente danificados. Cerca de 90% da cidade ficou sem energia elétrica e parte das áreas centrais também ficou sem abastecimento de água.

Os abrigos públicos foram rapidamente improvisados para receber famílias desalojadas. Na manhã seguinte, centenas de voluntários se juntaram aos bombeiros e à Defesa Civil na tentativa de remover destroços e localizar sobreviventes. O barulho das sirenes e o cheiro de destruição ainda dominavam o ar.

Reação das autoridades

A Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu decretou estado de calamidade pública e acionou imediatamente a Defesa Civil. O prefeito afirmou que “a cidade nunca viveu algo semelhante” e que a prioridade agora é o atendimento às famílias e a reconstrução do município.

O governador do Paraná, Ratinho Júnior, também decretou luto oficial de três dias e determinou o envio de equipes estaduais para auxiliar nos resgates e na limpeza. Caminhões de ajuda humanitária, médicos e técnicos em energia elétrica foram enviados ao local.

Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou condolências às famílias e determinou que os ministérios da Integração e do Desenvolvimento Social acompanhassem as ações de apoio. O Governo Federal anunciou o envio de recursos emergenciais para auxiliar na reconstrução e assistência humanitária à população.

O rastro deixado pelo vento

A força do tornado foi tamanha que transformou completamente o mapa urbano da cidade. Casas desapareceram, postes foram retorcidos, e as escolas e igrejas ficaram destelhadas. Segundo o Simepar, o fenômeno teve curta duração — menos de dois minutos —, mas intensidade suficiente para varrer quase todo o perímetro urbano.

Para muitos moradores, a tragédia representa um marco na história local. A fé, a solidariedade e a esperança agora se misturam ao medo e à incerteza. A cidade tenta se erguer novamente sobre os escombros, enquanto o Paraná e o Brasil acompanham de perto uma das maiores catástrofes climáticas da década.

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