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Polícia Civil e Guarda Municipal intensificam operações; esquema movimentava cobre furtado e causava prejuízos milionários à cidade.

O furto de fios de energia e cabos metálicos se tornou um dos principais desafios da segurança pública de Juiz de Fora em 2025, afetando diretamente o fornecimento de serviços essenciais e revelando uma rede criminosa estruturada de roubo, receptação e revenda ilegal de cobre.

Nos últimos meses, uma série de operações policiais, fiscalizações e prisões trouxe à tona a dimensão do problema, que envolve desde furtos isolados em ruas e praças até a atuação de quadrilhas organizadas com ramificações no comércio de ferro-velho da cidade.

A escalada dos crimes e o impacto nos serviços públicos

Em agosto, a Guarda Municipal flagrou um homem de 31 anos tentando furtar fios de um tótem de segurança na Praça Deputado Clodesmidt Riani. A ação foi detectada pelas câmeras da Central de Monitoramento e Operações (CMO), que acionou imediatamente as equipes em campo.

Segundo a Prefeitura, o furto de cabos e fios causa prejuízos diretos à população e aos cofres públicos, já que o custo de reposição recai sobre o município. Além da perda financeira, há interrupção em serviços como energia, iluminação pública, internet, telefonia e até semáforos, o que compromete a mobilidade e a segurança urbana.

A prefeita Margarida Salomão reconheceu, em coletiva de imprensa, o aumento expressivo das ocorrências e destacou que os furtos têm sido cometidos “com cada vez mais eficácia e organização”, exigindo uma atuação integrada entre Polícia Militar e Guarda Municipal.

Novas leis e fiscalização de ferros-velhos

Em resposta à crise, a PJF sancionou em junho a Lei Municipal nº 15.130, que instituiu a Política de Prevenção e Combate aos Crimes de Furto e Receptação de Cabos e Fios Metálicos. A norma estabelece regras rígidas para o funcionamento de ferros-velhos, exigindo documentação de procedência do material e impondo multas que chegam a R$ 10 mil, além da cassação do alvará em caso de reincidência.

Já a legislação federal (Lei nº 15.181, de 28 de julho de 2025) aumentou a pena para furto de fios e cabos, que agora pode variar de dois a oito anos de prisão, e dobrou a penalidade para receptação quando o material for proveniente de equipamentos públicos ou de serviços essenciais.

Em outubro, a Operação “Circuito Fechado”, realizada pela PMMG, Guarda Municipal, Bombeiros e Sedupp, fiscalizou ferros-velhos em diversos pontos da cidade. A ação resultou em notificações e autuações administrativas, com um estabelecimento interditado por irregularidades.

Esquema milionário e crime ambiental

As investigações mais recentes da Polícia Civil, divulgadas em setembro, revelaram um esquema criminoso que movimentava grandes quantidades de cobre furtado em Juiz de Fora. Na Operação conduzida pelo delegado Márcio Rocha, mais de uma tonelada de fios de cobre foi apreendida, e o dono de um ferro-velho, de 29 anos, foi preso em flagrante por receptação qualificada.

O material era furtado em diferentes pontos da cidade e levado para uma propriedade em Torreões, onde os cabos eram queimados para extração do metal, prática que também gerou crimes ambientais. Segundo o delegado Marcos Vignolo, os resíduos tóxicos contaminavam o Rio do Peixe, provocando riscos à fauna e à água consumida por comunidades ribeirinhas.

“O esquema envolvia furtadores e receptadores bem definidos. Nosso foco é atingir não apenas os executores, mas o lucro do crime, desmantelando a cadeia financeira que alimenta essas práticas”, afirmou Rocha.

Prejuízos à economia e à população

O empresário Pedro Ivo, proprietário de uma pizzaria no bairro São Mateus, relatou um prejuízo superior a R$ 15 mil após furtos de fiação em seu estabelecimento. “Além da perda do material, o crime queimou nosso servidor e paralisou a loja por dias”, contou. Casos semelhantes vêm sendo registrados em toda a cidade, principalmente em áreas comerciais e vias de grande circulação.

Combate contínuo e novos desdobramentos

As forças de segurança afirmam que as operações continuarão de forma permanente, com foco na fiscalização de estabelecimentos suspeitos e na prisão de receptadores, considerados peças-chave do esquema.

Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, a integração entre órgãos é fundamental para conter o avanço dos crimes. “Estamos cruzando dados de monitoramento com registros policiais e denúncias anônimas para identificar pontos de receptação e interromper o ciclo de furtos e revendas”, afirmou.

As investigações seguem em andamento, e novas ações conjuntas devem ser realizadas nos próximos meses.

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