Faltando uma semana para o início da COP30, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Janja da Silva, decidiram se hospedar a bordo do iate de luxo Iana III. A embarcação está atracada na Base Naval de Val-de-Cans, e os custos da estadia serão bancados pela Presidência da República.

Segundo o Palácio do Planalto, a escolha se deu por questões de segurança, conforto e viabilidade econômica, já que a rede hoteleira de Belém enfrenta superlotação e preços inflacionados por conta do evento internacional. Inicialmente, a equipe do presidente chegou a cogitar o uso de um navio da Marinha, mas o plano foi descartado.

Lula afirmou que ficaria em um barco para mostrar que a COP30 “não seria a COP do luxo”, apesar da escolha pelo Iana III — uma embarcação já envolvida em polêmicas contratuais no estado do Amazonas.

Propriedade do empresário Iomar Cavalcante de Oliveira, o Iana III foi alvo de questionamentos em 2018, quando o governo amazonense, sob gestão de Amazonino Mendes (PDT), pagou R$ 2,3 milhões ao empresário pelo aluguel de embarcações. À época, Iomar mantinha parentes em cargos na administração estadual: seu sobrinho, Orsine Junior, comandava a Amazonastur, e sua sócia, Yeda de Oliveira, era secretária para Promoção e Desenvolvimento Econômico.

Além dos contratos, Iomar também doou R$ 80 mil à campanha de Amazonino naquele ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2021, o Iana III voltou aos holofotes após denúncia de uso indevido em campanha eleitoral no município de Coari (AM). Vídeos mostraram a embarcação sendo usada para entregar alimentos que teriam fins eleitoreiros. A Justiça Eleitoral chegou a pedir inspeção do barco.

Apesar das polêmicas, o governo federal afirma que a escolha pelo Iana III foi feita com base em critérios técnicos e logísticos, diante das dificuldades de hospedagem em Belém. A COP30 deve reunir chefes de Estado, diplomatas, cientistas e representantes da sociedade civil de dezenas de países.