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Karen Santos (PSOL) defendeu a regulamentação do mercado e falou em “trabalhadores sem direitos” na cadeia do tráfico durante sessão da Câmara de Porto Alegre

Um discurso da vereadora Karen Santos (PSOL), feito na Câmara Municipal de Porto Alegre na última quarta-feira (29), viralizou nas redes sociais e gerou grande debate.
Durante a fala, a parlamentar defendeu a regulamentação e a taxação da venda de drogas, além de mencionar que as pessoas que participam da produção e transporte dessas substâncias seriam “trabalhadores explorados, sem direitos garantidos”.

Os trechos do discurso passaram a circular em vídeos curtos, com frases como “drogas são uma mercadoria como qualquer outra” e “em nenhuma parte dessa cadeia produtiva há taxação de imposto”.
Muitos interpretaram as declarações como uma defesa de direitos trabalhistas para traficantes, enquanto outros afirmam que a vereadora se referia a um cenário legalizado, em que o Estado controlaria a produção e a venda, com cobrança de impostos e geração de empregos.

Karen também criticou o atual modelo de combate ao tráfico, dizendo que ele apenas aumenta a violência e favorece grandes facções.
Segundo ela, o dinheiro das drogas “é lavado na Faria Lima e investido no agronegócio e em campanhas políticas”.
A vereadora ainda questionou “como armas de uso exclusivo do Exército chegam às comunidades” e defendeu políticas de emprego e renda como forma de reduzir o envolvimento de jovens com o crime.

“Querem acabar com o tráfico? Emprego e renda”, disse Karen durante a sessão.

Quem é Karen Santos

Karen Santos é professora e educadora física. Ela começou sua trajetória política em movimentos estudantis e no combate ao racismo. Foi eleita a vereadora mais votada de Porto Alegre em 2020, com 15.702 votos pelo PSOL.
Em 2019, já havia ocupado o cargo como suplente.
Durante o mandato, tem se destacado por pautas ligadas a direitos humanos, igualdade racial e críticas à política de segurança pública tradicional. Em outras ocasiões, também foi alvo de controvérsias por discursos considerados duros contra forças policiais.

A fala que gerou polêmica

No discurso que viralizou, Karen disse que o enfrentamento ao tráfico deve ser repensado e que a guerra às drogas “não faz sentido algum”.
Ela afirmou que o Estado deveria regular o comércio para tirar o poder das facções e cobrar impostos sobre a produção, o transporte e a venda — como já ocorre com o álcool e o cigarro.

Para críticos, a proposta é vista como “passar pano” para o tráfico.
Já apoiadores afirmam que legalizar e tributar seria uma forma de reduzir a violência e enfraquecer o mercado ilegal.
O discurso reacendeu uma discussão antiga no país sobre como lidar com o uso e o comércio de drogas.

E em outros países?

  • O Uruguai foi o primeiro país da América do Sul a legalizar a maconha recreativa, em 2013.
    Lá, o governo controla todo o processo — do plantio à venda — e aplica impostos sobre o produto.
    A medida reduziu o lucro das organizações criminosas e ampliou o acesso a tratamentos e campanhas de prevenção.

 

  • No Canadá, a cannabis também é legalizada e taxada desde 2018.
    Parte da arrecadação é usada em programas de saúde pública.
    Nos Estados Unidos, o modelo varia por estado: lugares como Califórnia e Colorado cobram impostos altos sobre a venda, enquanto outros ainda mantêm a proibição.

 

  • No Brasil, o tema nunca foi levado a plebiscito, mas há estudos e projetos discutindo a descriminalização e a regulamentação, especialmente do uso medicinal.
    Até hoje, nenhum governo apresentou uma proposta oficial para legalizar ou tributar drogas recreativas.

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