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Para quem olha, é difícil acreditar que aqueles vídeos dos terminais “robotizados” na China não são feitos por IA. Mas são reais — e mostram um país que investe pesado em automação e energia limpa para mover contêineres dia e noite.
Nesta semana, um representante do Ministério dos Transportes informou que o país já tem 60 terminais de contêineres automatizados. Na prática, é uma rede de portos onde caminhões autônomos elétricos circulam dentro do pátio, guindastes são operados à distância e softwares coordenam tudo em tempo real, com 5G e posicionamento preciso. Tem gente por perto? Tem — a supervisão e a manutenção continuam humanas —, mas a “mão pesada” do trabalho ficou para as máquinas.
Zero carbono
O caso mais famoso é o terminal inteligente “zero carbono” de Tianjin, em operação desde 2021. Ali, a eletricidade vem de vento e sol, com baterias para armazenamento, mantendo a operação firme e reduzindo emissões. É o cenário das imagens mais “cinematográficas”: veículos autônomos levando contêineres do navio ao pátio, guindastes teleoperados trabalhando em sequência e um sistema que organiza atracação, pilhas e retiradas sem perder tempo. “Zero carbono” não é “sem gente”: há supervisão humana onde precisa.
Outros países
A automação portuária já se espalhou: Singapura (Tuas), Roterdã (Maasvlakte), Hamburgo, Busan, além de operações semiautomatizadas em Los Angeles/Long Beach e terminais na Austrália. A diferença chinesa é a escala: dezenas de terminais com tecnologias parecidas, rodando ao mesmo tempo e ganhando ritmo conjunto.
Brasil: o que falta — e o que muda no emprego
Para chegar perto desse padrão, o Brasil precisa acelerar a digitalização de pátio, ampliar conectividade dedicada (5G/IoT) e integrar sistemas públicos e privados num fluxo único. Também pesa a regulação trabalhista-portuária e, principalmente, a qualificação da mão de obra para funções de controle, manutenção, TI e análise de dados. Em resumo: é investimento alto de infraestrutura + gente treinada para operar, manter e interpretar as máquinas.
E o emprego? Não existe hoje um porto “100% sem pessoas” em todas as etapas. A automação reduz horas em tarefas repetitivas e cria demanda por técnicos, operadores de sala de controle e especialistas de TI. O impacto final depende de como a transição é negociada (sindicatos, metas de produtividade, piso de equipes) e quanto se investe em requalificação. A tendência global é menos trabalho manual na ponta e mais trabalho técnico nos bastidores.
