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A ida de Guilherme Boulos para o ministério no governo Lula não é apenas uma mudança de função. Ela revela um movimento político de várias camadas, que envolve força eleitoral, recado simbólico e reposicionamento estratégico do governo junto à sociedade.

Boulos deixa a Câmara dos Deputados como o parlamentar mais votado do Brasil em 2022, com mais de 1 milhão de votos em São Paulo, número que por si só impulsionou toda a federação PSOL-Rede-PV e garantiu a eleição de nomes com votações muito menores. Sua saída abre espaço para um suplente com votação proporcionalmente 50 vezes menor, provocando repercussão imediata sobre representatividade e força política.

Sai um líder de votos, entra um demitido por Bolsonaro

Boulos conquistou mais de 1 milhão de votos, impulsionando toda a federação PSOL-Rede-PV. Agora, ao assumir um cargo estratégico no governo, sua cadeira será ocupada por Ricardo Galvão, físico e ex-presidente do INPE, que ficou nacionalmente conhecido após ser demitido por Jair Bolsonaro em 2019, por divulgar dados oficiais sobre o desmatamento na Amazônia.

Galvão teve aproximadamente 22 mil votos, o equivalente a apenas 2% dos votos de Boulos. A chegada dele ao Congresso representa não apenas uma troca numérica, mas simbólica: a voz mais votada da esquerda dá lugar a um cientista que se tornou símbolo de resistência ao negacionismo do governo Bolsonaro.

Na época, Galvão era presidente do INPE — Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, responsável por monitorar, por satélite, o desmatamento na Amazônia. Ele divulgou dados mostrando que o desmatamento estava aumentando de forma acelerada. Enquanto isso, o então presidente Jair Bolsonaro dizia publicamente que esses números eram exagerados ou falsos. Galvão manteve sua posição, defendeu a ciência e insistiu que os dados eram oficiais e comprovados. Essa postura firme resultou na sua demissão, transformando-o em um símbolo contra o negacionismo ambiental.

Missão de Boulos no governo

Guilherme Boulos assume a Secretaria-Geral da Presidência da República, pasta que atua como canal direto entre o governo federal e a sociedade civil. A missão é fortalecer a presença do governo nas ruas, articular com movimentos sociais, ouvir demandas populares e reconstruir a base social que ajudou a eleger Lula.

Com acesso direto ao presidente, Boulos passa a ocupar um dos cargos de maior influência política do governo, assumindo um papel institucional de peso e consolidando seu nome como uma das principais lideranças nacionais da esquerda.

Para onde vai Márcio Macêdo

Márcio Macêdo, que ocupava a Secretaria-Geral desde o início do governo, divulgou um vídeo nas redes sociais afirmando estar deixando o cargo para disputar as eleições de 2026 em Sergipe. Segundo ele, sua missão foi cumprida. A transição foi apresentada de forma pública e amistosa, com Lula posando ao lado de Macêdo e Boulos, sinalizando continuidade e unidade interna no Palácio do Planalto.

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