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A chegada de Guilherme Boulos ao Palácio do Planalto é vista como uma estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)...
Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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A chegada de Guilherme Boulos ao Palácio do Planalto é vista como uma estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para melhorar a relação do governo com os movimentos sociais, principalmente com a base da esquerda, até as eleições de 2026. O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, pasta responsável pela interlocução com a sociedade civil, recebeu de Lula três missões centrais:

  1. “Colocar o governo na rua” — uma maneira de aproximar mais o governo da população.

  2. Melhorar a relação do governo com os trabalhadores de aplicativos, um tema que já foi fracassado no terceiro mandato de Lula.

  3. Mobilizar a base do governo para o fim da escala 6×1, uma proposta que ganhou força entre os trabalhadores e será uma bandeira importante nas eleições de 2026.

Aposta em Boulos e desafios na composição do ministério

Boulos, que lidera o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo, foi escolhido para ocupar o cargo após a confiança de Lula na capacidade de articulação do psolista. A missão do novo ministro será, além das tarefas mencionadas, formar uma equipe plural na Secretaria-Geral, integrando membros do PT e de outros movimentos sociais, como o MST, embora exista uma disputa interna por protagonismo no campo da esquerda.

Esse desafio de composição tem como pano de fundo o histórico de rivalidade entre as diferentes alas da esquerda, o que pode gerar tensão, especialmente no momento em que Boulos terá que lidar com diversas expectativas dentro do governo e entre seus aliados políticos.

Regulamentação dos trabalhadores de aplicativos

Um dos maiores desafios para o governo Lula até o momento foi a proposta de regulamentação dos trabalhadores de aplicativos, que teve uma recepção negativa entre os trabalhadores da categoria. A primeira versão do projeto, enviada à Câmara, foi vista como uma limitação dos ganhos dos profissionais. No entanto, Boulos assumiu a articulação de um novo projeto, que busca garantir direitos básicos aos trabalhadores, como remuneração mínima, seguro obrigatório e maior transparência nos algoritmos das plataformas.

Esse projeto ganhou o apoio de deputados de diferentes partidos, inclusive da centro-direita, e a expectativa é que a matéria seja votada em breve. Para o governo, a aprovação dessa proposta pode ser um trunfo nas eleições de 2026.

Governo nas ruas e fim da escala 6×1

Além de atuar em Brasília, Boulos terá um papel fundamental ao percorrer os estados para trabalhar as pautas do governo e ampliar sua presença nas bases. Esse “governo na rua” será um braço da figura de Lula, que, por sua vez, estará mais concentrado em outras questões internas ou em viagens internacionais.

Outro foco importante será o fim da escala 6×1, uma proposta que visa reduzir a carga de trabalho dos trabalhadores que enfrentam jornadas exaustivas. A demanda por essa mudança surgiu de baixo para cima, entre os próprios trabalhadores, e foi rapidamente incorporada por influenciadores e, mais recentemente, pelo governo. A PEC da deputada Erika Hilton (Psol-SP) já tramita na Câmara, mas ainda está distante de garantir apoio suficiente para sua aprovação.

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