A Petrobras recebeu nesta segunda-feira (20) autorização do Ibama para iniciar a perfuração de um poço exploratório de petróleo na foz do Rio Amazonas, em águas profundas da Margem Equatorial brasileira. A operação ocorrerá a cerca de 500 km da foz e a 175 km da costa do Amapá, no bloco FZA-M-059.

A perfuração, que começa de forma imediata, deve durar cerca de cinco meses. Nesta fase, o objetivo é obter dados geológicos para avaliar a presença de petróleo e gás em escala econômica — sem produção de petróleo prevista neste momento.

Em nota, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, comemorou a emissão da licença após quase cinco anos de trâmites e garantiu que a empresa atuará com “segurança, responsabilidade e qualidade técnica”. Ela ressaltou que o processo envolveu diálogo com órgãos ambientais e governos em todas as esferas.

A licença foi concedida após um “rigoroso processo de licenciamento ambiental”, segundo o Ibama. O órgão destacou a realização de estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA), três audiências públicas, 65 reuniões técnicas em mais de 20 municípios do Pará e do Amapá, além de vistorias e uma avaliação pré-operacional envolvendo mais de 400 profissionais.

Apesar disso, a liberação gerou forte reação de ambientalistas e entidades civis. Grupos ligados ao meio ambiente classificaram a decisão como “desastrosa do ponto de vista ambiental, climático e da sociobiodiversidade”. A região abriga um recife de corais com quase 10 mil km² e está próxima a terras indígenas. Algumas organizações anunciaram que pretendem recorrer à Justiça para impedir a operação.

A emissão da licença ocorre a menos de um mês da COP30, a conferência global sobre mudanças climáticas, que será sediada em Belém (PA), e reacende o debate sobre a compatibilidade entre exploração de combustíveis fósseis e compromissos ambientais assumidos pelo Brasil.

A exploração na foz do Amazonas vinha sendo pressionada pelo governo federal e conta com apoio político do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O presidente Lula chegou a criticar publicamente a demora do Ibama em conceder a licença.

Entre os ajustes exigidos pelo Ibama para liberar a operação estão a criação de um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Oiapoque (AP), embarcações dedicadas ao resgate de fauna afetada por óleo e aprimoramento do plano de resposta a emergências.

Mudança no combustível

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (20) uma nova redução no preço da gasolina tipo A para as distribuidoras. A partir desta terça-feira (21), o valor médio do litro nas refinarias passará de R$ 2,85 para R$ 2,71, representando uma queda de R$ 0,14 por litro — ou 4,9%.

Essa é a segunda redução no preço da gasolina realizada pela estatal em 2025. No acumulado do ano, o combustível já acumula queda de R$ 0,31 por litro, o que equivale a uma redução de 10,3%.