O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, enfrenta uma onda de críticas após vincular imigrantes a um “problema da paisagem urbana” durante um evento oficial realizado na última segunda-feira (14/10) no estado de Brandemburgo. A fala, interpretada como racista, gerou reações negativas inclusive dentro do seu partido e entre os sociais-democratas, parceiros de governo.

A declaração ocorreu quando Merz respondia a uma pergunta sobre a ascensão do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Ele citou a queda de 60% nos pedidos de refúgio em agosto, comparado ao ano anterior, como sinal de sua estratégia para conter o avanço da AfD.

A polêmica aumentou após a assessoria de imprensa do governo omitir a frase da transcrição oficial do discurso. Questionado, um porta-voz afirmou que Merz se expressava, naquele momento, como líder partidário e não como chanceler.

A repercussão foi imediata. A deputada Rasha Nasr, porta-voz para migração do Partido Social-Democrata (SPD), acusou Merz de “colocar lenha na fogueira” e fomentar a divisão social, em entrevista ao semanário Der Spiegel. Até mesmo aliados conservadores, como o prefeito de Berlim, Kai Wegner, se distanciaram das declarações do chanceler.

Wegner afirmou ao jornal Der Tagesspiegel que a paisagem urbana de Berlim reflete sua diversidade internacional e cosmopolita, e que os problemas de criminalidade e violência não devem ser atribuídos a nacionalidades específicas.