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Um paciente de 58 anos descobriu ter desenvolvido câncer no fígado que recebeu em um transplante realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O caso, confirmado por exames genéticos, é considerado extremamente raro na medicina mundial, já que o tumor teve origem no órgão doado e não no corpo do receptor.
Geraldo Vaz Junior havia sido diagnosticado com hepatite C em 2010 e desenvolveu cirrose hepática, entrando na fila nacional de transplantes. Em julho de 2023, ele recebeu um novo fígado por meio do Programa Proadi-SUS, que conecta hospitais de referência a pacientes do sistema público. A cirurgia foi bem-sucedida, mas sete meses depois exames detectaram seis nódulos no fígado transplantado.
Após uma biópsia, foi confirmado o diagnóstico de adenocarcinoma, um tipo agressivo de tumor maligno. Um exame de DNA realizado em março de 2024 mostrou que o material genético das células cancerígenas não correspondia ao do paciente, comprovando que o câncer se originou no órgão doado.
A descoberta levou a equipe médica a realizar um novo transplante, mas o câncer já havia se espalhado para o pulmão. Atualmente, Geraldo está em tratamento paliativo. A esposa, Maria Helena Vaz, relatou que a família foi informada de que outros receptores do mesmo doador estão sendo monitorados.
O caso reacendeu o debate sobre os protocolos de segurança em transplantes no Brasil. A responsabilidade pela fiscalização e regulamentação das doações e transplantes é do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), vinculado ao Ministério da Saúde. O órgão deve investigar o episódio para verificar se houve falhas na triagem e garantir acompanhamento dos demais pacientes que receberam órgãos do mesmo doador.