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Pelo menos cinco vereadores e um deputado estadual ficaram feridos durante a confusão registrada na Câmara de Porto Alegre nesta quarta-feira (15), quando forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar parlamentares e manifestantes impedidos de entrar no plenário Otávio Rocha.
Entre os feridos, está a vereadora Atena Roveda (PSOL), que relatou nas redes sociais ter sido atingida por spray de pimenta no rosto e por estilhaços de bombas e balas de borracha nas pernas, sendo levada ao Hospital de Pronto Socorro. O deputado Matheus Gomes (PSOL) afirmou que a parlamentar já havia recebido alta no fim da noite.
Outros vereadores também foram atingidos: Giovani Culau (PCdoB) e Erick Dênil (PCdoB) relataram ferimentos na perna após disparos de balas de borracha; Grazi Oliveira (PSOL) mostrou machucados no rosto e no peito causados por spray de pimenta e projéteis; e Natasha Ferreira (PT) foi atingida por gás lacrimogêneo. O deputado Miguel Rossetto (PT) também foi ferido nas costas, mas dispensou atendimento médico.
Durante a confusão, o vereador Marcelo Ustra (PL), conhecido como Coronel Ustra, pediu permissão para “andar armado no plenário” caso o acesso fosse liberado aos manifestantes. A solicitação não chegou a ser votada. O regimento interno da Casa, contudo, proíbe o ingresso de pessoas armadas, inclusive parlamentares, nas dependências da Câmara.
O início
A confusão começou após a presidente da Casa, vereadora Nádia Gerhard (PL), acionar um protocolo de segurança que restringiu o acesso ao plenário. O público acompanhava a tentativa de entrada de manifestantes que protestavam contra dois projetos em votação: um que restringe a atuação de catadores na cidade e outro que trata da concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) à iniciativa privada.
A sessão chegou a ser retomada no início da noite, sob protestos da oposição, mas foi novamente encerrada em meio à tensão. Vereadoras do PSOL e do PT classificaram a ação da Guarda Municipal como autoritária e desnecessária. “Vereadores da Casa foram atacados na Casa do Povo. O povo tinha o direito de estar aqui”, afirmou Grazi Oliveira.
A presidente da Câmara defendeu a medida, afirmando que a intervenção da Guarda foi necessária para garantir a segurança de todos os presentes. Segundo ela, todas as ações foram registradas pelas câmeras corporais dos agentes e serão analisadas.
Investigação
A Prefeitura de Porto Alegre informou que o prefeito Sebastião Melo determinou à Secretaria Municipal de Segurança (Smseg) a abertura de um Inquérito Preliminar Sumário (IPS) para apurar a conduta da Guarda Civil Metropolitana e os episódios de violência. As imagens das câmeras corporais dos agentes e outros registros serão usados na investigação.