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Após o recuo parcial do Exército de Israel da Faixa de Gaza, o Hamas voltou a circular com força nas ruas e iniciou uma série de ações para retomar o controle da região. Nos últimos dias, moradores relataram prisões, tiroteios e execuções em público de pessoas acusadas de colaborar com Israel ou de fazer parte de grupos rivais.
Recuo israelense e retorno dos moradores
O cessar-fogo anunciado no início de outubro começou a ser colocado em prática com a retirada de parte das tropas israelenses de algumas áreas urbanas de Gaza. Caminhões e tanques deixaram regiões do centro e do norte, permitindo que famílias voltassem para casa — muitas delas encontrando apenas ruínas. Ainda há, porém, presença militar israelense em pontos estratégicos e nas fronteiras.
Fontes ligadas às forças israelenses disseram que o recuo não significa o fim da vigilância. Soldados continuam observando as áreas por drones e respondem a “movimentos suspeitos”, segundo relatos da imprensa internacional. Com essa saída parcial, o Hamas passou a ocupar rapidamente os espaços deixados, reinstalando seus combatentes e patrulhas armadas.
Execuções e medo nas ruas
De acordo com reportagens internacionais, como as do The Guardian, o Hamas organizou operações em diferentes bairros de Gaza City, onde promoveu execuções públicas de supostos colaboradores. Vídeos analisados por agências estrangeiras mostram pessoas encapuzadas, com armas em punho, executando detidos em plena rua.
Moradores relataram sons de disparos durante todo o dia e prisões feitas por milicianos do grupo. O Hamas afirma que essas ações são uma forma de “restaurar a segurança” e punir quem teria ajudado Israel durante os ataques.
Mas para quem vive em Gaza, o clima é de medo e incerteza. “Ninguém sabe quem será o próximo”, disse um morador à imprensa britânica.
Conflito entre grupos locais
Além de perseguir suspeitos de colaboração, o Hamas também tem se envolvido em confrontos com grupos armados locais que não aceitam totalmente sua autoridade. Esses grupos, formados por famílias influentes e pequenos líderes armados, resistem ao controle total do movimento islâmico. Em alguns bairros, houve troca de tiros e prisões, segundo testemunhas.
Especialistas afirmam que essa disputa interna pode atrapalhar o processo de reconstrução da Faixa de Gaza e aumentar o sofrimento da população civil, que ainda enfrenta falta de energia, alimentos e medicamentos.
Pressão internacional e incertezas
Enquanto tenta retomar o controle interno, o Hamas enfrenta forte pressão dos Estados Unidos, que exigem o desarmamento imediato do grupo. O presidente norte-americano, Donald Trump, chegou a declarar que, se o Hamas não se desarmar por conta própria, “será desarmado à força”.
Israel, por sua vez, condiciona novos avanços do acordo de paz à devolução de todos os corpos de reféns e à comprovação de que o Hamas está realmente enfraquecido.
A população civil continua sendo a maior vítima dessa nova fase do conflito. O medo, a fome e a destruição seguem marcando o cotidiano em Gaza, mesmo depois do fim oficial dos combates.