Getting your Trinity Audio player ready...
|
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (9), mais uma fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes relacionadas a descontos indevidos em aposentadorias e benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A operação cumpriu 66 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em diversos estados, sendo 45 mandados em São Paulo, 12 em Sergipe, 2 em Santa Catarina, 2 em Pernambuco, 2 na Bahia, 1 no Rio Grande do Norte, 1 no Amazonas e 1 no Distrito Federal.
De acordo com a PF, o objetivo da ação é aprofundar as investigações já iniciadas em junho de 2025, visando esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial. As investigações estão focadas em três empresas que, segundo a polícia, seriam responsáveis pela estruturação do esquema de lavagem de dinheiro.
A operação investiga uma rede criminosa responsável por desviar valores dos aposentados e pensionistas do INSS, com fraudes em benefícios previdenciários e com o uso de documentos falsificados. Os crimes apurados incluem estelionato qualificado, peculato, corrupção ativa, uso de documento falso, lavagem de capitais e organização criminosa.
Em São Paulo, os agentes federais apreenderam carros de luxo, como modelos Porsche, dinheiro em espécie e até uma arma, durante o cumprimento dos mandados. A PF confirmou que pelo menos quatro carros de luxo foram apreendidos até o momento.
Rede fraudulenta e suspeitos identificados
As investigações da PF começaram com a Operação Sem Desconto, em abril deste ano, e já revelaram os principais envolvidos no esquema. De acordo com a polícia, dois suspeitos principais — identificados como “Careca do INSS” e “Camisotti” — operavam em níveis diferentes da fraude. Careca atuava como intermediário entre sindicatos e associações de aposentados, recebendo recursos descontados indevidamente dos beneficiários e repassando parte desses valores para servidores do INSS. Já Camisotti, de acordo com a PF, era um dos principais beneficiários financeiros da fraude e usava empresas de fachada para ocultar sua participação nos descontos irregulares.
A PF apontou que Camisotti movimentou pelo menos R$ 53 milhões no esquema, enquanto as empresas de fachada que ele controlava, principalmente no setor de seguros, serviam para “lavar” o dinheiro desviado. A operação se intensificou com a apreensão de celulares, HDs e documentos que ajudaram a identificar a conexão entre os suspeitos e o esquema criminoso.
A investigação revelou que, embora Careca não fosse formalmente o líder de uma associação, ele era uma peça chave no processo, facilitando os repasses ilegais. Já Camisotti era o destinatário final de grande parte dos recursos desviados, utilizando suas empresas para “limpar” o dinheiro oriundo da fraude.