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Uma investigação revelou que motéis, hotéis e postos de combustíveis em cidades do litoral paulista, como Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá, faziam parte de um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação, batizada de Operação Spare, foi deflagrada para desarticular a rede financeira utilizada pela facção para movimentar recursos ilícitos com aparência de legalidade.
Rede de empresas na mira
De acordo com o Ministério Público e a Receita Federal, pelo menos 60 empresas do setor hoteleiro e 267 postos de combustíveis foram identificados como parte do esquema. Na Baixada Santista, chamam atenção um motel em Santos e um hotel em São Vicente, que estariam entre os estabelecimentos usados para dar aparência de legitimidade ao dinheiro obtido pelo crime organizado.
Entre 2020 e 2024, a movimentação financeira desses postos ultrapassou R$ 4,5 bilhões, mas os tributos federais recolhidos somaram apenas R$ 4,5 milhões – o equivalente a 0,1% do total.
Operador e fintech sob suspeita
Um dos principais nomes apontados nas investigações é Flávio Silvério Siqueira, o “Flavinho”, suspeito de operar uma rede de postos de combustíveis e empresas de fachada para beneficiar a facção. A apuração também indica o uso de uma fintech, o BK Bank, que teria servido para maquiar transações e dificultar o rastreamento da origem do dinheiro.
Bens apreendidos e mandados
A operação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em cidades como São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga e na Avenida Paulista. Foram apreendidos cerca de R$ 1 milhão em espécie, além de celulares, computadores e uma arma de fogo.
Imóveis, veículos de luxo, terrenos, iates e até helicópteros também foram identificados como parte do patrimônio adquirido por meio de empresas de fachada ou em nome de “laranjas”.
Impacto na região
Na Baixada Santista, os empreendimentos envolvidos chamaram atenção por seu movimento natural de clientes, o que facilitava a inserção de grandes volumes de dinheiro ilícito nas contas. Para os investigadores, o uso de hotéis e motéis representava uma forma “discreta” e altamente eficaz de lavar recursos.
Próximos passos
As autoridades continuam rastreando os beneficiários finais do esquema e investigando a participação de outras empresas. O Ministério Público e a Polícia não descartam novas fases da operação e afirmam que o objetivo é responsabilizar criminalmente os envolvidos, além de bloquear o patrimônio construído a partir da lavagem de dinheiro.