O programa ISFM News desta quinta-feira (2) abordou a proibição de beneficiários do programa social Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) efetuarem apostas esportivas em plataformas de bets, medida anunciada pelo governo.

O economista Adalto Corrêa de Souza Júnior afirmou que não faz sentido destinar recurso público para que seja usado em vício. Disse que não é possível controlar o consumo de álcool, mas no caso dos jogos, o cruzamento de dados pode evitar abusos.

Ele destacou que considera a medida positiva e que não há o que discutir quanto ao tema. Ressaltou, no entanto, que o Brasil vive uma crise de identidade, pois permite alguns jogos enquanto reprime outros, criando um ambiente de contradições legais.

Adalto citou o exemplo do jogo do bicho, que é proibido, e dos cassinos, que também não são permitidos. Concordou com a proibição, mas lembrou que cassinos geram turismo e empregos, enquanto as bets apenas retiram renda dos brasileiros.

Ele afirmou que as bets são empresas de tecnologia, muitas vezes estrangeiras, que movimentam bilhões sem gerar empregos ou riqueza no país. Para o economista, essa contradição mostra a esquizofrenia e a crise de identidade do Estado brasileiro.

O arquiteto Alessandro Lopes avaliou que o objetivo do benefício é melhorar a vida de quem está em vulnerabilidade. Para ele, usar esse recurso em apostas desvirtua a função do programa, prejudicando inclusive quem realmente precisa da ajuda.

Ele alertou que ações de poucos podem resultar em regras mais duras que acabam atingindo toda a população. Disse ainda que o brasileiro tem a tendência de buscar jogos, sejam bancas de bicho ou bets, e isso aumenta o risco de desvio do recurso.

Lopes explicou que qualquer dinheiro é bem-vindo para quem aposta, mas usar parte do Bolsa Família para isso é problemático. Comparou ao vale-transporte, lembrando que quando há restrição, muitos buscam alternativas para sustentar seus vícios.

O arquiteto concluiu dizendo que, ao se criar restrições, há sempre quem procure meios de se beneficiar para manter o hábito. Reforçou que a medida busca resguardar a essência dos programas sociais, evitando que sejam usados para apostas.

Apresentado por Paulo Schiff, o ISFM News vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na rádio ISFM 100,7. O programa também pode ser acompanhado ao vivo ou sob demanda no canal oficial da emissora no YouTube.