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Uma atitude sensível e criativa durante um atendimento médico em Belém, ainda em 2018, viralizou nas redes sociais. A na época estagiária de medicina Manuela Lemos, atuando na Unidade Básica de Saúde (UBS) Condor, adaptou uma receita médica para um paciente hipertenso e diabético que é analfabeto, utilizando fitas coloridas e adesivos para facilitar a compreensão dos horários dos medicamentos e a relação com a alimentação.
A iniciativa foi compartilhada pela irmã da estudante, Gabriela Lemos, e ganhou destaque nas redes. No receituário, cada remédio foi amarrado com uma fita colorida correspondente ao horário de uso. A mesma fita foi colada ao lado da indicação escrita, criando uma correspondência visual direta. Além disso, adesivos reforçam orientações sobre alimentação antes ou após o uso dos medicamentos.
A médica supervisora Rayssa Miranda, que acompanhava o atendimento, explicou em entrevista ao g1 que a equipe percebeu, durante uma consulta, que o paciente estava tomando os remédios de forma desordenada por não saber ler. “Então a gente pediu para que ele voltasse com todos os medicamentos para identificar as caixas de maneira que ele entendesse melhor”, contou. A sugestão de usar fitas e adesivos partiu da própria Manuela.
Cada fita tem um significado: a prata com estrelas indica o remédio em jejum, ao amanhecer; a amarela, para o período do dia; a azul, à noite. A fita de arco-íris serve para lembrar da alimentação colorida e equilibrada no almoço e jantar. Já os adesivos de frutas reforçam a importância de refeições leves antes do remédio noturno.
Antes do fim da consulta, a estudante fotografou o receituário como modelo para futuras situações. A imagem foi enviada à irmã e, após ser publicada nas redes sociais, recebeu ampla repercussão positiva pela forma humanizada de cuidar.
Analfabetismo no Brasil
No último senso divulgado pelo IBGE em 2024, foi estimado que 9,1 milhões de brasileiros são analfabetos. Isso é equivalente a população de países como Áustria e Suíça. A forma como as médicas encontraram de adaptar as informações para o paciente demonstra empatia pelas pessoas que passam por problemas incomuns em relação a pessoas letradas.