Publicidade
Surto de intoxicação por metanol em SP levanta alerta para consumo de bebidas adulteradas
Foto freepik / reprodução
Getting your Trinity Audio player ready...

Pelo menos nove casos de intoxicação por metanol foram confirmados no estado de São Paulo em um intervalo de apenas 25 dias, e autoridades sanitárias alertam para o risco crescente ligado ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Duas mortes já foram confirmadas, e outros dez casos permanecem sob investigação.

Os episódios mais recentes envolvem pessoas que consumiram bebidas como caipirinhas, gin e whisky em bares, festas e adegas localizadas em bairros de classe média e alta. Em diversos relatos divulgados pela imprensa, as vítimas afirmaram não terem notado qualquer diferença no sabor das bebidas, o que dificulta a identificação da adulteração no momento do consumo.

Em um dos casos, uma mulher perdeu completamente a visão após beber caipirinhas durante um evento em um bar da capital paulista. Levada à UTI, ela convulsionou e precisou ser intubada. A suspeita de intoxicação por metanol foi levantada apenas após o agravamento dos sintomas. Outro caso envolve um jovem que permanece em coma há quase um mês após ingerir gin comprado em uma adega próxima de sua residência. Exames indicaram presença da substância no sangue, e outros integrantes do mesmo grupo social também apresentaram sintomas graves.

Segundo especialistas ouvidos por veículos de comunicação, o metanol é um tipo de álcool altamente tóxico, utilizado industrialmente como solvente e combustível. Quando ingerido, o composto é metabolizado pelo fígado e se transforma em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que atacam o sistema nervoso central, o fígado, os rins e o nervo óptico. Os sintomas podem surgir entre 12 e 24 horas após o consumo e incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental, visão turva, cegueira, convulsões e, em casos mais severos, coma e morte.

O Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo confirmou que os casos recentes diferem dos registros anteriores, que costumavam envolver o uso deliberado de combustíveis por populações vulneráveis. Desta vez, a intoxicação ocorreu em ambientes sociais, com bebidas aparentemente normais e consumidas por pessoas sem histórico de abuso de substâncias.

Ainda segundo os órgãos de saúde pública, uma das vítimas fatais era um homem de 54 anos da capital paulista, que morreu seis dias após apresentar sintomas típicos de intoxicação. A outra morte confirmada ocorreu em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, emitiu um alerta nacional após o recebimento dos dados pelo Sistema de Alerta Rápido (SAR). O número de ocorrências foi considerado atípico pela pasta, tanto pela rapidez com que surgiram quanto pelo perfil das vítimas — geralmente consumidores ocasionais, sem histórico de dependência química.

A situação levou à apreensão de bebidas suspeitas por autoridades policiais, com amostras enviadas para perícia. Apesar disso, a origem exata da contaminação ainda não foi confirmada. O número real de casos pode ser ainda maior, considerando que nem todas as ocorrências são notificadas aos centros toxicológicos.

As autoridades reforçam a recomendação para que a população adquira bebidas alcoólicas apenas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal. Bares, distribuidoras e adegas devem redobrar a atenção quanto à procedência dos produtos. Em caso de sintomas como alterações visuais, dores intensas ou confusão mental após o consumo de álcool, é fundamental procurar atendimento médico imediato.

Destaques ISN

Relacionadas

Menu