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A Sabesp iniciou nesta segunda-feira (22) a ampliação do horário de redução da pressão da água em toda a Região Metropolitana de São Paulo. A medida, que já vinha sendo adotada desde agosto, passa a ser aplicada por 10 horas diárias, das 19h às 5h, com objetivo de economizar recursos hídricos diante da falta de chuvas e dos baixos níveis dos reservatórios que abastecem a capital e cidades vizinhas.
A decisão segue uma deliberação da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), que monitora o sistema hídrico paulista. A recomendação é justificada pelo cenário de estiagem prolongada e pela necessidade de preservar os mananciais. A situação é considerada semelhante à observada em 2021, mas menos grave do que durante a crise hídrica de 2014.
Com a redução da pressão, moradores de bairros mais altos e distantes do Centro da capital correm o risco de ficar sem água à noite. Esses locais são os primeiros a sentir os efeitos da estratégia, especialmente quando os imóveis não possuem caixas d’água adequadas para o armazenamento.
Ação preventiva busca evitar colapso no abastecimento
A Sabesp afirmou que a medida é preventiva, temporária e visa evitar perdas de água por meio da contenção de vazamentos invisíveis na rede subterrânea. A empresa também destacou que a estratégia já resultou em economia de 4,2 m³/s — volume suficiente para abastecer cerca de 800 mil pessoas durante um mês, equivalente à população de uma cidade como São Bernardo do Campo.
Mesmo durante o dia, a companhia continuará com o chamado “gerenciamento de pressão”, que ajusta os níveis de fornecimento conforme a demanda e as regiões, com foco em manter o abastecimento regular. A recomendação da Sabesp é que a população utilize água com consciência e que os imóveis estejam equipados com caixas-d’água para enfrentar possíveis instabilidades no fornecimento.
Sistema Cantareira e Alto Tietê operam com baixa capacidade
O boletim mais recente do Comitê de Integração das Agências para a Segurança Hídrica mostra que o sistema de abastecimento da Grande São Paulo opera com apenas 32,8% de sua capacidade útil, índice 7,7 pontos percentuais inferior ao registrado no mesmo período de 2021. Os sistemas Cantareira e Alto Tietê, que concentram cerca de 80% da água da região, apresentavam 30,3% e 26,1% de armazenamento, respectivamente.
A queda média semanal é de 0,26% ao dia, o que representa uma perda acelerada e acende um alerta sobre a possibilidade de agravamento da crise hídrica caso o cenário climático não mude nos próximos meses.
Moradores relatam dificuldades em regiões como Itaim Paulista
Na zona leste da capital, moradores do Itaim Paulista relataram que a falta d’água já é frequente mesmo antes da ampliação do horário de corte. Entre os relatos, estão dificuldades para manter o cuidado com pessoas doentes, tarefas domésticas e a necessidade de recorrer a caixas-d’água maiores para suportar o período de desabastecimento.
Chuvas abaixo da média comprometem reservatórios
O clima da região metropolitana é dividido em dois regimes: chuvoso (outubro a março) e seco (abril a setembro). Nos dois últimos períodos chuvosos, as chuvas foram insuficientes para repor o volume perdido durante a estiagem. Em 2024, a perda chegou a 617 milhões de litros, enquanto a reposição foi de apenas 177 milhões. Na seca atual, a perda já soma 380 milhões de litros.
A situação hídrica atual, embora controlada, exige atenção e ações contínuas para evitar um novo colapso no fornecimento, como o ocorrido na crise entre 2014 e 2016.