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Após o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, os governos federal e estadual iniciaram articulações para garantir proteção a agentes públicos que atuaram no combate ao crime organizado, mesmo após a aposentadoria. Ferraz foi morto a tiros em uma emboscada em Praia Grande (SP), na segunda-feira (15).

Considerado um dos maiores especialistas no PCC (Primeiro Comando da Capital), Ruy estava sem escolta e utilizava um carro não blindado no momento do ataque. Ele era secretário de Administração da prefeitura de Praia Grande. Segundo autoridades, dois suspeitos de envolvimento no crime já foram identificados.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reconheceu a necessidade de oferecer proteção automática a autoridades que combateram o crime organizado, inclusive após deixarem o serviço ativo. “A gente tem que pensar, sim, na proteção dessas autoridades, dessas famílias […] porque a gente sabe que a memória não vai embora”, declarou durante evento no Palácio dos Bandeirantes.

Atualmente, o pedido de escolta deve ser formalizado, o que não ocorreu no caso de Ruy, segundo Tarcísio. Em resposta ao crime, três deputados estaduais — Delegado Olim (PP), Altair Moraes (Republicanos) e Paulo Fiorilo (PT) — protocolaram projetos de lei na Alesp criando programas permanentes de proteção a ex-agentes e seus familiares.

Na esfera federal, o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo, anunciou que o governo elabora um projeto para garantir esse tipo de proteção a nível nacional. A proposta deve alterar a Lei das Organizações Criminosas, de 2013, e será apresentada ao presidente Lula (PT) nas próximas semanas pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O texto, segundo Sarrubbo, será posteriormente enviado ao Congresso Nacional.

O promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), relatou que o PCC planejava atentados contra Ruy desde 2006. Em 2010, um plano foi frustrado em frente à delegacia onde ele trabalhava. “Evitei a morte dele com apoio da Rota”, afirmou Gakiya, que também teme pela própria segurança no futuro. “Eu não tenho garantia nenhuma de que se eu me aposentar vou ter alguma garantia do Estado”, disse.

Ruy e Gakiya mantinham contato recente e discutiam a influência do crime organizado na Baixada Santista. A última conversa ocorreu em maio, durante a operação Fim da Linha, que investiga a atuação criminosa no transporte público de São Paulo.

O caso evidencia o risco contínuo enfrentado por quem combate o crime organizado e pressiona as autoridades a adotar políticas permanentes de proteção a esses profissionais.

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