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O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e atual secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, foi assassinado a tiros na noite desta segunda-feira (15), em uma emboscada no bairro Nova Mirim, em Praia Grande. Reconhecido como uma das maiores autoridades no enfrentamento ao crime organizado no país, Fontes foi executado com tiros de fuzil, em um crime que chocou o litoral paulista.
O ataque ocorreu na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas. Câmeras de segurança mostram que o carro do ex-delegado foi perseguido por criminosos. Durante a fuga, o veículo de Fontes colidiu com um ônibus e capotou. Três homens armados com fuzis desceram de outro carro e dispararam repetidamente contra ele. Duas pessoas que estavam próximas também foram baleadas, mas sem risco de morte.
A Polícia Civil investiga o caso, que levanta suspeitas de retaliação. Fontes teve papel central no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e vinha alertando sobre riscos à sua segurança.
Pioneiro no combate ao PCC
Com mais de quatro décadas de serviço público, Fontes foi um dos primeiros delegados a investigar e desmantelar núcleos do PCC. Atuou na prisão de lideranças como Marcola e teve papel estratégico durante os ataques coordenados pela facção em São Paulo, em 2006.
Entre 2019 e 2022, comandou a Polícia Civil paulista e liderou a transferência de líderes do PCC para presídios federais, em uma das ações mais relevantes contra o domínio do crime nas cadeias. Sua atuação passou por departamentos como o Deic e o DHPP, sempre com foco em inteligência e repressão qualificada ao crime organizado.
Além de sua carreira policial, Fontes também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal e participou de cursos no Brasil, França e Canadá, se consolidando como um profissional respeitado internacionalmente.
Temor antes da morte
Em dezembro de 2023, Ruy Ferraz Fontes sofreu um assalto violento ao lado da esposa, em Praia Grande. O episódio acentuou seu temor por segurança, principalmente após décadas enfrentando o crime organizado.
“Combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro. Minha família quer que eu deixe o emprego em Praia Grande e saia de São Paulo”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo na época. O casal teve celulares, joias e uma moto roubados. Os suspeitos foram presos em flagrante e os bens, recuperados.
Fontes seguia na ativa como secretário municipal até sua morte, demonstrando que, mesmo fora do comando da polícia, seguia comprometido com a gestão pública e a segurança da população.