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O Brasil passa a contar a partir deste mês com novas apresentações do Mounjaro (tirzepatida), medicamento produzido pela farmacêutica Eli Lilly e indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, sobrepeso com comorbidades e obesidade. As doses de 7,5 mg e 10 mg estarão disponíveis nas farmácias brasileiras, com preços que variam de R$ 2,6 mil a R$ 3,6 mil por caixa com quatro canetas aplicadoras — quantidade equivalente a um mês de tratamento.
Até então, o país só contava com as concentrações de 2,5 mg (fase inicial de adaptação) e 5 mg (primeira dose terapêutica). Segundo a Anvisa, a introdução gradual é comum para reduzir efeitos colaterais gastrointestinais, permitindo que a dosagem seja aumentada conforme a resposta do paciente.
Nos Estados Unidos e na Europa, além dessas versões, já estão disponíveis também as doses de 12,5 mg e 15 mg, que ainda não têm previsão de chegada ao Brasil.
Por que a chegada atrasou
Três fatores principais explicam a demora para a liberação das novas concentrações no Brasil:
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Regulação: a Anvisa exigiu trâmites adicionais para autorizar doses maiores;
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Escassez global: desde 2022, medicamentos dessa classe enfrentam falta em farmácias, com prioridade de distribuição para EUA e Europa;
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Produção limitada: a farmacêutica afirma ter investido mais de US$ 50 bilhões desde 2020 para ampliar a fabricação, mas a demanda segue alta.
Contexto nacional
A chegada do Mounjaro ao mercado brasileiro ocorre em um cenário preocupante de saúde pública. Dados do Ministério da Saúde apontam que mais de 10% da população adulta tem diabetes e 57% apresentam excesso de peso. Apesar disso, o tratamento da obesidade ainda não é coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que torna o custo do medicamento uma barreira para muitos pacientes.
Como funciona o Mounjaro
A tirzepatida pertence à classe das incretinas e atua em dois pontos:
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Controle da glicemia: estimula a liberação de insulina pelo pâncreas, ajudando a reduzir o açúcar no sangue;
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Controle do apetite: ativa receptores no cérebro ligados à fome, contribuindo para a perda de peso.
O Mounjaro difere do Ozempic (semaglutida), já disponível no país, por atuar em dois hormônios do sistema digestivo (GIP e GLP-1), enquanto o Ozempic age apenas sobre o GLP-1.