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Cientistas brasileiros usam proteína da placenta para recuperar movimentos em pacientes com lesão na medula
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Pesquisadores brasileiros apresentaram nesta terça-feira (9) resultados inéditos de uma pesquisa iniciada há mais de 25 anos que pode abrir caminho para o tratamento de lesões na medula espinhal. Utilizando a polilaminina, proteína obtida da placenta humana, cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiram devolver parte dos movimentos a cães e humanos que sofreram lesões graves.

O estudo foi liderado pela professora doutora Tatiana Coelho de Sampaio, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. A pesquisa demonstrou que a polilaminina pode ajudar a restabelecer a comunicação entre neurônios danificados, permitindo que impulsos elétricos voltem a percorrer áreas lesionadas da medula.

De tetraplégico a paciente em recuperação

Um dos casos mais emblemáticos é o de Bruno Drummond de Freitas, bancário que sofreu um acidente em 2018 e ficou tetraplégico. Ele foi submetido a uma injeção experimental de polilaminina logo após a cirurgia. Duas semanas depois, conseguiu mexer o dedão do pé — um movimento que se transformou no primeiro grande indício da eficácia da pesquisa.

“Hoje em dia consigo me movimentar inteiro, claro que com certas limitações. Consigo andar, dançar, subir escada. Isso me devolveu a independência”, comemorou Bruno, que hoje frequenta os laboratórios onde tudo começou.

Resultados inéditos no mundo

De acordo com o neurocirurgião Marco Aurélio Brás de Lima, que acompanha o estudo, a aplicação em oito pacientes mostrou recuperação parcial em seis deles. “Nenhum estudo no mundo tinha demonstrado esse resultado até o momento, em regeneração medular com medicamento”, afirmou.

Os efeitos também foram testados em cães com lesões mais antigas, em parceria com uma farmacêutica brasileira. Dos seis animais tratados, quatro recuperaram movimentos. O estudo foi publicado em revista científica internacional.

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Caminho até a Anvisa

O registro da patente do composto levou 18 anos. Agora, a farmacêutica responsável apresentou os resultados em São Paulo e aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar novos testes clínicos em humanos.

“Como os primeiros testes foram acadêmicos, é preciso atender requisitos de segurança antes de avançar para a fase 1 com pacientes”, explicou Claudiosvan Martins, coordenador de pesquisa clínica da Anvisa.

Esperança e cautela

Especialistas destacam que os avanços trazem esperança para quem sofre com lesões medulares, mas ressaltam que ainda é cedo para comemorar. Novas fases de testes serão essenciais para comprovar a segurança e a eficácia do tratamento em larga escala.

Enquanto isso, histórias como a de Bruno e de outros pacientes reacendem a expectativa de que a ciência brasileira esteja próxima de uma revolução no tratamento de lesões medulares.

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