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Uma forte ventania atingiu as cidades da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, no início da manhã desta terça-feira (9). O fenômeno, provocado por um ciclone extratropical, chegou a derrubar árvores e paralisar temporariamente a travessia de balsas entre Santos e Guarujá. Apesar da previsão de calor, as temperaturas devem cair drasticamente na quarta-feira (10).
Segundo a Prefeitura de Santos, as rajadas chegaram a 66 km/h na estação da Praticagem de Santos, sem registro de ocorrências graves até o momento. Já a Defesa Civil do Estado emitiu alerta para risco de quedas de árvores e destelhamentos. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também publicou aviso de perigo potencial, orientando a população a evitar áreas com árvores, torres de transmissão e placas de propaganda.
Paralisação
A ventania afetou diretamente o transporte marítimo. A travessia Bertioga–Guarujá foi interrompida por 10 minutos, enquanto a Santos–Guarujá ficou paralisada por quase 40 minutos, das 07h46 às 08h23. A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) informou que as operações foram retomadas assim que os parâmetros de segurança foram restabelecidos.
O que causou?
O Mestre em Futuro das Mudanças Climáticas na Universidade de Leeds-ING, Matthaeus Menezes, explica o que causa essa sequência de ciclones afetando a região: “O oceano está mais quente. Ciclones são como motores gigantes que se alimentam da energia de águas quentes para ganhar força. Com o aquecimento global, estamos fornecendo mais combustível para essas tempestades.”
“Para cidades como Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande, o perigo é amplificado pela ‘maré de tempestade’” afirmou Matthaeus. “Quando um ciclone se aproxima, a baixa pressão atmosférica literalmente ‘suga’ o mar para cima, enquanto os ventos fortes empurram essa muralha de água contra a costa” completou.
Ciclones em sequência
Este é o terceiro ciclone extratropical a atingir a região em menos de dois meses. O primeiro ocorreu entre 27 e 28 de julho, com ventos de até 111 km/h em Santos. O segundo, em 19 e 20 de agosto, mobilizou alertas em todo o litoral paulista. O episódio atual, entre os dias 8 e 9 de setembro, reforça o cenário de instabilidade climática que vem se intensificando na Baixada Santista.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), principal autoridade científica do mundo no assunto, confirma em seu último relatório que a atividade humana aqueceu os oceanos e que isso intensifica as chuvas em ciclones.
Problemas futuros
“A sequência de ciclones não é mais um problema distante. É um aviso prévio para todo o litoral brasileiro. Ignorar este alerta significa colocar em risco o Porto de Santos, nossas casas e nossas vidas. A hora de cobrar ações de adaptação e um planejamento urbano resiliente das autoridades locais é agora, antes que a próxima grande tempestade se forme no horizonte.” disse Matthaeus, afirmando que os problemas das mudanças climáticas já estão no presente.