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O mundo celebra neste 8 de setembro o Dia Internacional da Alfabetização, data criada pela UNESCO para chamar atenção à importância da leitura e da escrita como base da cidadania. O tema deste ano — “Promovendo a alfabetização na era digital” — ressalta como a tecnologia pode abrir portas para novas formas de aprendizado, mas também levanta o alerta de que a exclusão digital ainda é um entrave para milhões de pessoas.
Globalmente, os números mostram progresso, mas as disparidades continuam marcantes. Enquanto países desenvolvidos têm taxas de alfabetização acima de 96%, em regiões como a África Subsaariana a média não passa de 65%. Outro contraste evidente é de gênero: dois terços dos adultos analfabetos no mundo são mulheres, reflexo de barreiras sociais e culturais que ainda limitam o acesso delas à educação básica.
Analfabetismo funcional resiste no Brasil
No Brasil, a trajetória das últimas décadas é de avanços, mas não sem retrocessos e desafios. Segundo o Censo de 2010, cerca de 9,6% da população com 15 anos ou mais era analfabeta. Em 2022, esse índice caiu para 7%, o que representa milhões de pessoas que conquistaram o direito à leitura.
Apesar disso, ainda existe um obstáculo de difícil superação: o analfabetismo funcional. Esse termo se refere a pessoas que sabem decodificar letras e palavras, mas não conseguem compreender plenamente textos mais longos nem aplicar a leitura e a escrita em situações práticas do dia a dia, como interpretar um contrato, entender bulas de remédio ou resolver problemas simples que envolvem leitura. Hoje, estima-se que quase um terço dos brasileiros de 15 a 64 anos esteja nessa condição, o que limita a cidadania e o acesso a melhores oportunidades.
As desigualdades regionais e raciais também pesam: estados do Nordeste continuam registrando índices acima da média nacional, e grupos como indígenas, pretos e pardos apresentam taxas de analfabetismo mais altas do que os brancos.
A internet: aliada ou barreira à alfabetização?
Nos últimos anos, a discussão sobre alfabetização ganhou uma nova dimensão — o papel da internet no processo. Um estudo conduzido em 2025 com estudantes universitários na Indonésia mostrou que, quando bem desenvolvidas, as habilidades de leitura e escrita digitais aumentam a confiança dos jovens no ambiente online e até melhoram o desempenho acadêmico. Isso aponta para o potencial da tecnologia como ferramenta de aprendizado.
Por outro lado, dados da UNICEF indicam que crianças com acesso limitado à internet demonstram habilidades digitais mais fracas, enquanto aquelas que exploram diferentes atividades online tendem a desenvolver competências mais sólidas. O desafio, portanto, não é apenas garantir conexão, mas ensinar a usar a tecnologia como instrumento de interpretação crítica, aprendizado e emancipação.