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Metade dos pacientes com intestino irritável apresentam ansiedade, aponta estudo nacional
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A Síndrome do Intestino Irritável (SII), condição crônica que afeta até 17% dos brasileiros, vai além dos sintomas digestivos e tem forte relação com a saúde emocional. Um estudo divulgado nesta terça-feira (2) mostrou que 56% dos pacientes convivem com ansiedade e 32% apresentam depressão.

O levantamento, realizado pelo Instituto Inception e pela Apsen em parceria com o Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo (Nafad), contou com a participação de 667 pessoas de todas as regiões do Brasil. O resultado reforça o conceito do chamado “eixo cérebro-intestino”, que evidencia a interação entre o sistema digestivo, a microbiota e fatores emocionais como estresse e ansiedade.

 

Diagnóstico demorado e desafios diários

 

O tempo médio para a confirmação da SII é de 14 meses, o que dificulta o início do tratamento adequado. Segundo o gastroendoscopista Fábio Teixeira, reconhecer sinais precoces é essencial: dor abdominal semanal associada a mudanças no hábito intestinal já são indícios objetivos da doença. Ele explica que, embora a síndrome não tenha cura, é possível levar uma vida normal com autoconhecimento, dieta balanceada e acompanhamento médico.

 

Entre os principais sintomas estão:

 

  • Dor abdominal crônica, que melhora após evacuar;
  • Alterações intestinais, como diarreia, constipação ou alternância entre os dois quadros;
  • Inchaço abdominal e excesso de gases;
  • Sensação de evacuação incompleta e presença de muco nas fezes;
  • Crises recorrentes ao longo dos meses.

O impacto não se restringe à saúde física: 46% dos pacientes já precisaram se afastar do trabalho pelo menos duas vezes devido às crises.

 

Estigma e relatos de pacientes

 

Apesar da prevalência, a doença ainda é cercada de preconceito. O hebiatra e psiquiatra Williams Ramos alerta que muitos minimizam os sintomas, tratando-os como “coisa da cabeça”, quando, na verdade, a SII é uma doença real, com repercussões físicas, emocionais e sociais.

Pacientes conhecidos ajudam a dar voz à condição. A modelo Yasmim Brunet afirmou que o tratamento dos sintomas só evoluiu quando entendeu a ligação entre ansiedade, depressão e saúde intestinal. Já a influenciadora Gislene Charaba, diagnosticada após colite, reforça que controlar a dieta e o estresse virou parte de sua rotina.

 

Tratamento e conscientização

 

O tratamento da SII deve ser individualizado, podendo incluir ajustes alimentares, uso de probióticos, hidratação, medicamentos para dor e neuromoduladores em casos específicos. A principal recomendação dos especialistas é não normalizar os sintomas e buscar atendimento médico o quanto antes.

Para ampliar a informação, foi lançada a campanha “Pode Ser SII”, disponível no site podesersii.com.br, que oferece um teste gratuito baseado nos critérios internacionais Roma IV. O objetivo é incentivar o diagnóstico precoce, combater o estigma e estimular o diálogo sobre a síndrome.

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