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Ataque aéreo atingiu a capital Sanaa na quinta-feira (28) e matou Ahmad Ghaleb al-Rahwi e outros ministros. A morte representa o maior golpe à liderança Houthi desde o início da campanha israelense e amplia o risco de escalada no Oriente Médio.
Netanyahu promete novos ataques
Israel descreveu o bombardeio como uma “operação complexa”, possível graças à intensa coleta de inteligência e ao controle aéreo da região. O alvo eram altos comandos Houthis, incluindo o chefe do Estado-Maior e o ministro da Defesa, embora não haja confirmação oficial sobre a morte deste último. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu a ofensiva como um “golpe esmagador” e disse que novas ações semelhantes estão por vir. Para especialistas, trata-se de uma mudança significativa de tática, com foco agora na liderança rebelde em vez de apenas na infraestrutura militar.
Por que agora?
Desde o início da guerra em Gaza, os Houthis intensificaram ataques com drones e mísseis contra navios no Mar Vermelho e também lançaram projéteis contra Israel, a maioria interceptada. Esses ataques são descritos pelo grupo como atos de solidariedade aos palestinos. Israel vinha retaliando com ofensivas contra infraestrutura estratégica, como o porto de Hodeidah, mas a decisão de atingir diretamente a cúpula do movimento sinaliza uma escalada do conflito.
Quem era Ahmad Ghaleb al-Rahwi
Ahmad Ghaleb al-Rahwi assumiu o cargo de primeiro-ministro do governo Houthi há menos de um ano, em um momento de reorganização interna do grupo. Apesar da posição de destaque, era visto como uma figura simbólica, sem grande influência sobre as decisões estratégicas do movimento, que permaneciam concentradas nas mãos da liderança militar e do próprio Mahdi al-Mashat.
Nos conflitos contra Israel, Rahwi mantinha um discurso alinhado à cúpula Houthi, reforçando o apoio aos palestinos em Gaza e legitimando os ataques contra embarcações no Mar Vermelho. Sua morte, no entanto, representa uma perda institucional importante para o grupo, já que pela primeira vez um chefe de governo formal foi morto diretamente por uma operação israelense.
Impacto político e sucessão
A morte de Ahmad Ghaleb al-Rahwi representa o golpe mais duro sofrido pela liderança Houthi desde o início da campanha israelense. Embora ele fosse considerado uma figura simbólica, sua eliminação junto a outros ministros foi classificada como um sucesso estratégico por Israel. O vice, Mohamed Moftah, foi designado para assumir o governo interinamente.
Reação e promessas de vingança
A reação dos Houthis foi imediata. Mahdi al-Mashat afirmou que o ataque não ficará sem resposta e advertiu empresas estrangeiras a se afastarem de Israel. A retórica reforça os temores de que o grupo volte a atacar rotas comerciais no Mar Vermelho ou intensifique os disparos de mísseis em direção ao território israelense.
Tensão em ascensão
O episódio amplia o risco de que o conflito se expanda para além das fronteiras do Iêmen. O ciclo de ataques e retaliações já havia deixado dezenas de mortos nos últimos dias, e agora, com a morte de membros do alto escalão Houthi, cresce o temor de uma escalada regional envolvendo o Irã e o controle das rotas marítimas mais estratégicas do planeta.
foto: Ahmad Ghaleb al-Rahwi, primeiro-ministro do governo Houthi, morto em ataque aéreo israelense em Sanaa