Testemunha afirma que Hytalo Santos dopou adolescente com remédio para enjoo

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Em entrevista a uma emissora de TV, o maquiador Erick Neto, que fez parte do grupo de Hytalo Santos, revelou que uma adolescente que participava dos vídeos era dopada durante uma viagem a São Paulo, em 2020.

“Ele dizia: ‘quando a gente for jantar, coloca três Dramins no suco dela, porque aí vai dar sono e, quando ela dormir, a gente sai escondido’”, afirmou. Erick contou ainda que a idade da jovem nunca era clara: “Uma hora tinha 15, outra 16. A menina claramente com cara de criança”.

Rotina marcada por vigilância e domínio

Naquele período, o grupo vivia sob uma rotina rígida imposta por Hytalo, em uma espécie de “reality show” particular. Ele decidia quem podia sair, comer, dormir ou até mesmo usar o celular, sempre mediante sua autorização. Ex-colaboradores relatam que havia ocasiões em que, depois das gravações, os jovens simplesmente não frequentavam a escola. O ambiente também era marcado por festas frequentes, com oferta de bebidas, enquanto a alimentação dos adolescentes era controlada de forma estrita. As decisões do cotidiano eram tomadas de forma unilateral pelo influenciador, que escolhia inclusive quem poderia acompanhá-lo nas saídas e quem deveria permanecer na mansão.

Como está Hytalo Santos

Após a prisão realizada em 15 de agosto, Hytalo Santos segue detido em São Paulo. Ele divide cela com outros presos em unidade de segurança média, enquanto a Justiça avalia novos pedidos de recurso apresentados pela defesa. Até o momento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão preventiva, destacando a gravidade das acusações e a necessidade de proteger as vítimas.

A defesa, por sua vez, insiste na inocência do influenciador. Em nota, os advogados afirmaram que Hytalo “sempre se colocou à disposição das autoridades” e que irão adotar todas as medidas jurídicas cabíveis.

Nas redes sociais, pessoas ligadas ao grupo do influenciador manifestaram apoio. Uma adolescente chegou a gravar vídeo em defesa dele, mas, por se tratar de menor de idade, sua identidade é preservada.

Enquanto aguarda os desdobramentos do processo, Hytalo mantém contato restrito com familiares e advogados. Não há registros de incidentes envolvendo ele dentro do presídio.

Possíveis implicações jurídicas

Especialistas apontam que a conduta descrita no depoimento pode abrir espaço para diferentes enquadramentos legais.

  • Abandono de incapaz (art. 133 do Código Penal): deixar uma adolescente dopada, sozinha e sem supervisão, pode configurar risco grave, já que ela poderia se engasgar, ter reação adversa ou perder a consciência de forma profunda.
  • Maus-tratos (art. 136 do Código Penal): administrar medicamentos sem prescrição, com a intenção de sedar, pode ser interpretado como maus-tratos, agravados pelo fato de a vítima ser menor de idade.
  • Exposição a perigo (art. 132 do Código Penal): mesmo sem consequência imediata, colocar a saúde de alguém em risco direto já é suficiente para responsabilização penal.

Essas hipóteses ainda não integram a denúncia formal, mas representam possibilidades jurídicas que podem ser avaliadas pelo Ministério Público e pela Justiça durante o processo.

Foto montagem com Erick Neto e Hytalo Santos

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