O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um crescente isolamento político e jurídico, ao mesmo tempo em que o Centrão intensifica articulações para definir um nome viável ao Palácio do Planalto em 2026. Alvo de diversas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e impedido de se articular politicamente, Bolsonaro vê sua influência direta no cenário eleitoral enfraquecer.
Desde o início de agosto, o ex-presidente está em prisão domiciliar em Brasília, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A medida veio após descumprimento de restrições impostas por medidas cautelares. Na última terça-feira (26), Moraes determinou reforço no policiamento externo da residência de Bolsonaro, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), motivado pelo risco de fuga.
A Polícia Federal também solicitou a presença contínua de agentes dentro da casa do ex-presidente, argumentando que o monitoramento por tornozeleira eletrônica é falho e sujeito a interferências.
O cerco jurídico a Bolsonaro se intensificou desde novembro de 2024, quando foi indiciado por tentativa de golpe de Estado. Em março deste ano, o STF recebeu denúncia contra ele e sete aliados. Em paralelo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-presidente inelegível em duas ações. Com isso, cresceu a expectativa de que um membro da família Bolsonaro pudesse herdar seu capital político.
Entretanto, os nomes cogitados dentro do clã enfrentam resistência. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, aparece bem nas sondagens, mas tem pouca experiência política. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não ganhou tração, enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenta se posicionar como sucessor direto, mesmo enfrentando processos e estando licenciado do mandato para atuar nos Estados Unidos.
Enquanto Bolsonaro se vê impedido de participar de eventos públicos e de dialogar com aliados, lideranças do Centrão avançam na construção de um projeto alternativo de direita para 2026. Durante a tradicional festa do Peão de Barretos, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) apareceram juntos e sinalizaram união. “Um de nós ocupará o Palácio do Planalto”, afirmou Caiado.
Do outro lado do tabuleiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha para ampliar sua base no centro político. Lula se reuniu com líderes do MDB, PSD e Republicanos, com o objetivo de consolidar apoio e até mesmo articular uma chapa com perfil mais moderado para a disputa de 2026. No campo da esquerda, Lula segue como principal e único nome até o momento.
Com Bolsonaro enfraquecido e a direita fragmentada, o cenário para as eleições de 2026 permanece aberto, com disputas internas e articulações intensas em todos os espectros políticos.