O Centro Histórico de Santos foi palco de uma manifestação contra a implantação do sistema de pedágio eletrônico “free-flow”. O protesto ocorreu em frente à Associação Comercial de Santos, na comemoração de 100 anos da sua sede, neste domingo (24), e aproveitou a realização do 1º Summit Connect Infra, no Parque Valongo, que reuniu autoridades federais e estaduais, empresários do setor portuário e representantes da Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos.
Com faixas e cartazes estampando a frase “PEDÁGIO NÃO”, moradores e vereadores da Baixada Santista buscaram dar visibilidade ao descontentamento popular diante do novo modelo de cobrança, considerado prejudicial para a rotina de quem depende das rodovias diariamente. O ato foi pacífico e chamou atenção justamente por acontecer em um momento de ampla cobertura da imprensa e com a presença de figuras políticas de destaque.
O governador Tarcísio de Freitas já havia declarado que “a cobrança só vai acontecer depois que o investimento for feito”, reforçando que o contrato de concessão prevê melhorias viárias antes da implantação efetiva da cobrança. Já vereadores da Uvebs (União dos Vereadores da Baixada Santista) garantiram que pretendem acionar o Ministério Público para tentar barrar ou alterar as regras do sistema, de forma a proteger os moradores de deslocamentos locais que poderão se tornar mais caros.
Como funciona o pedágio, quantidade, datas e valores — e impactos reais na rotina de moradores
O sistema free-flow é um modelo eletrônico que dispensa cancelas físicas, utilizando câmeras para leitura automática de placas ou tags eletrônicas. Os motoristas têm até 30 dias para realizar o pagamento, e os usuários com tag podem obter descontos de até 70% conforme a frequência de uso.
Na Baixada Santista, estão previstos 11 novos pórticos automáticos ao longo da SP-055, entre Praia Grande e Miracatu. Segundo resposta do governo estadual a parlamentares, sete desses pórticos devem entrar em operação a partir de novembro de 2025.
Os valores devem variar de acordo com a extensão percorrida, mas moradores já apontam impactos concretos. No distrito de Caruara, por exemplo, quem precisar se deslocar até o Centro de Santos poderá passar por até dois pedágios em um único trajeto, o que representa um custo adicional significativo para atividades corriqueiras como ir ao trabalho ou levar filhos à escola.
Governo se mobiliza: isenção em Ana Dias e ações em curso
Em resposta às pressões, o governo estadual concedeu isenção total da tarifa aos moradores do distrito de Ana Dias, no Vale do Ribeira. O governador também afirmou que avalia alternativas para Caruara, em Santos, com o objetivo de evitar que moradores de comunidades locais sejam penalizados por tarifas em deslocamentos curtos.
Segundo Tarcísio, a prioridade é não prejudicar a rotina de quem depende das rodovias para atividades essenciais.
“Os moradores de Ana Dias terão isenção total da tarifa, e estamos avaliando alternativas para garantir o mesmo à comunidade de Caruara. Nosso compromisso é assegurar que o tráfego local continue gratuito”, declarou o governador.
