Mais de 350 pinguins são encontrados mortos em Ilha Comprida, no litoral de SP

O Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) registrou o encalhe de mais de 350 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) mortos...

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O Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) registrou o encalhe de mais de 350 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) mortos em Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo, nos últimos cinco dias. Os animais foram encontrados em estágio avançado de decomposição, o que impossibilita a identificação imediata das causas das mortes.

A presença de pinguins-de-magalhães na Baixada Santista e em outras áreas do litoral paulista é comum nesta época do ano, quando a espécie migra da Patagônia argentina em direção ao norte, passando pelo Uruguai e alcançando o Sul e Sudeste do Brasil. No entanto, o número elevado de encalhes em um curto período chamou a atenção de pesquisadores. As ocorrências fazem parte de um quadro mais amplo monitorado pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que também identificou 216 pinguins mortos em praias de Santa Catarina no mesmo período. Ao todo, 566 animais foram encontrados nas regiões Sul e Sudeste do país.

Entre as hipóteses levantadas pelo IPeC estão o cansaço provocado pelas longas distâncias percorridas durante a migração, dificuldade para encontrar alimento, infecções, parasitoses e interação com a pesca. O instituto orienta que, ao encontrar algum animal debilitado na região, a população entre em contato pelos telefones (13) 3851-1779, 0800 642 33 41 ou (13) 99691-7851 (WhatsApp).

De acordo com o biólogo Alex Ribeiro, os animais parecem ser jovens, o que pode indicar desorientação em sua primeira migração. “Às vezes, na primeira viagem, não estão muito bem orientados e acabam se perdendo”, explicou. Ele destacou ainda que a ausência de alimento e a aproximação excessiva da costa também podem ter contribuído para o quadro.

A presença de óleo e lixo no mar é outro fator considerado por especialistas. “Se os animais estão sujos de óleo ou se ingeriram lixo de alguma forma”, alertou Alex. O biólogo William Rodriguez Schepis acrescentou que redes de pesca do tipo espera, comuns na região, podem ter causado a morte dos animais. “É um animal que não tem mercado, não tem valor econômico, então ele [pescador] já descarta no mar”, afirmou.

Apesar do número elevado de carcaças, os especialistas ponderam que parte das mortes pode estar relacionada à seleção natural. A espécie é nativa da Patagônia argentina, onde há mais de 1 milhão de indivíduos. A migração anual leva os pinguins a nadar até o Sul e Sudeste do Brasil, passando pelo Uruguai.

O biólogo Eric Comin destacou que o pinguim-de-magalhães é comum na região e vive em alto-mar em busca de alimentos como peixes, lulas e crustáceos. Ele também apontou a contaminação dos oceanos como uma das principais ameaças à espécie. “Essas aves têm uma temperatura corpórea muito alta e, com as penas com problemas, elas acabam perdendo muito calor, podendo ter hipotermia e desidratação”, explicou.

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