Governo Lula resiste a acordo com EUA sobre minerais estratégicos e teme impacto de tarifas

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Minerais críticos são considerados setor sensível pelo Planalto; indústria nacional estima 110 mil empregos em risco com tarifa de Trump

Créditos: Ricardo Stuckert / PR

O governo brasileiro tem resistido a avançar em negociações com os Estados Unidos sobre minerais críticos, como nióbio e lítio, diante da recente imposição de tarifas de 50% anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. O tema, tratado como sensível e estratégico pelo Palácio do Planalto, não está autorizado a ser conduzido por empresas privadas, segundo a orientação da gestão petista.

Conversas informais têm ocorrido entre representantes da embaixada americana no Brasil e empresários do setor de mineração. No entanto, o governo federal afirma que qualquer deliberação oficial sobre o comércio desses recursos naturais só pode ser feita por meio das instâncias governamentais, e não diretamente com mineradoras.

Os minerais em questão são fundamentais para a produção de tecnologias de ponta, como baterias, semicondutores, carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares. Em gestões anteriores, o Brasil chegou a discutir com o governo de Joe Biden uma parceria estratégica voltada à segurança no fornecimento desses insumos, prevendo, em contrapartida, investimentos americanos para agregação de valor à matéria-prima nacional. As tratativas foram interrompidas após a eleição de Donald Trump.

Atualmente, o governo brasileiro considera inviável retomar o projeto original diante do atual cenário político. Avaliações internas indicam que nem mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria disposto a abrir mão dos minerais raros sem garantias concretas de investimentos em industrialização, uma pauta da qual foi um dos principais defensores, especialmente em relação ao nióbio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem manifestado que não há disposição, por parte dos Estados Unidos, para uma negociação ampla e equilibrada. Diante da perspectiva de uma guerra comercial, o governo brasileiro está elaborando um plano de contingência para mitigar os impactos econômicos no país.

Segundo estimativas do setor produtivo, a adoção das tarifas americanas pode provocar a perda de até 110 mil empregos no Brasil. O índice de desemprego, que no primeiro trimestre havia atingido 6,6%, o mais baixo da série histórica da Pnad Contínua desde 2012, pode voltar a subir diante da retração esperada nas exportações e nos investimentos.

Além do risco ao emprego, o Planalto avalia que a medida pode afetar o crescimento econômico e pressionar a inflação, ampliando os desafios da política econômica brasileira no segundo semestre.

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