Republicano cita Bolsonaro e STF em justificativa; governo brasileiro reage com devolução de carta e fala em reciprocidade

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto. A medida foi comunicada por meio de uma carta pública endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual o republicano alegou motivos comerciais e políticos para a decisão.
Na justificativa, Trump criticou o julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, classificando o processo como uma “vergonha internacional”. O republicano ainda acusou o Brasil de promover ataques à liberdade de expressão e de impor barreiras ao comércio digital norte-americano.
A nova tarifa será aplicada de forma ampla, atingindo todas as exportações brasileiras, inclusive setores que já enfrentam tarifas elevadas, como o aço e o alumínio. Trump condicionou a suspensão da medida à instalação de fábricas brasileiras em território norte-americano e alertou para retaliações equivalentes caso o Brasil adote medidas semelhantes.
Apesar da alegação de déficit comercial, dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que o Brasil acumula déficits com os EUA há 16 anos, totalizando US$ 90,28 bilhões no período. Especialistas avaliam que a ação de Trump tem forte caráter geopolítico, com foco em ampliar a influência internacional dos EUA.
O governo brasileiro reagiu de forma contundente. Lula declarou que o país não aceitará imposições externas e que qualquer aumento tarifário será respondido com base na legislação de reciprocidade. Ele reiterou a soberania nacional e destacou que o julgamento de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 é competência exclusiva da Justiça brasileira.
O Itamaraty devolveu oficialmente a carta de Trump à Embaixada dos EUA, em reunião liderada pela embaixadora Maria Luisa Escorel. Fontes do governo classificaram o documento como ofensivo e inaceitável.
A carta faz parte de uma nova ofensiva de Trump, que anunciou tarifas entre 20% e 50% para outros países, incluindo Argélia, Filipinas e Líbia. O republicano também ameaçou aplicar uma tarifa adicional de 10% aos membros do Brics, grupo do qual o Brasil faz parte, sob a alegação de tentativa de enfraquecer o dólar como moeda global.
Em resposta, Lula afirmou que os países do Brics são soberanos e defendeu o multilateralismo nas relações internacionais.

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