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O presidente argentino Javier Milei enfrentou sua primeira grande derrota eleitoral desde que assumiu o comando do país. Em votação realizada neste domingo (8), na província de Buenos Aires — o maior colégio eleitoral da Argentina —, a coalizão peronista Força Pátria venceu com larga vantagem, impondo um revés que pode redesenhar o cenário político nacional a poucas semanas das eleições legislativas de outubro.
Uma derrota de 13 pontos em território-chave
A distância de 13 pontos percentuais entre o peronismo e o partido governista A Liberdade Avança expôs a fragilidade de Milei em uma região decisiva. O presidente foi derrotado em seis das oito seções eleitorais do distrito, confirmando um desgaste expressivo junto ao eleitorado mais populoso do país.
Esse resultado coloca em xeque a capacidade de Milei de ampliar sua base de apoio no Congresso, justamente em um momento de forte pressão econômica e institucional.
Escândalos e fragilidade no Congresso pressionam o governo
A derrota foi alimentada por um conjunto de fatores: sucessivas perdas de votações no Parlamento, crescente desconfiança do mercado frente à volatilidade cambial e denúncias de corrupção que atingiram diretamente a irmã do presidente, Karina Milei. Áudios vazados a ligaram a supostos subornos na compra de medicamentos para a Agência Nacional para a Deficiência, ampliando a crise de imagem do governo.
Reação imediata: Milei admite revés, mas insiste na agenda econômica
Em discurso marcado por voz trêmula e semblante abatido, Milei reconheceu a gravidade do resultado, mas reafirmou seu compromisso com o programa de austeridade.
“Não estamos dispostos a abrir mão de um modelo que pegou uma inflação de 300% e reduziu-a a 20%”, declarou.
Ao lado de Karina Milei e do ministro da Economia, Luis Caputo, o presidente buscou demonstrar unidade no núcleo duro de governo, tentando transmitir resiliência diante da pressão política.
Axel Kicillof ganha força como líder oposicionista
Do outro lado, quem emergiu fortalecido foi o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, agora visto como principal liderança da oposição peronista. Sua vitória reforça a narrativa de que o peronismo segue mobilizado e capaz de articular um contrapeso robusto ao governo liberal de Milei.
Mídia argentina aponta fragilidade e futuro incerto
A reação da imprensa argentina foi imediata e contundente:
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O Clarín destacou que o resultado “expôs a vulnerabilidade de um governo sem sustentação sólida no Parlamento”.
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O Página/12 afirmou que “o discurso anticasta perdeu fôlego diante das dificuldades econômicas e dos escândalos que cercam o governo”.
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Já o La Nación avaliou que Milei enfrenta “um teste de sobrevivência política em tempo recorde”.
O tom geral reforçou a leitura de que a derrota em Buenos Aires vai além da disputa local: trata-se de um sinal nacional de enfraquecimento.
Contagem regressiva para outubro: pouco tempo para reagir
Com as legislativas marcadas para 22 de outubro, Milei tem poucas semanas para revisar sua estratégia, recompor alianças e tentar recuperar apoio popular. O resultado em Buenos Aires, contudo, deixou claro que a margem de manobra é estreita e que qualquer erro pode consolidar uma virada de forças no Congresso, limitando ainda mais sua governabilidade.