Especialistas analisam condenação do humorista e questionam proporcionalidade da pena
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O programa ISFM NEWS desta quinta-feira (26) abordou o novo show de stand up do comediante Léo Lins, que foi condenado a oito anos de prisão por piadas preconceituosas no início do mês. O humorista passou a utilizar a condenação como estratégia de marketing para alavancar as vendas de ingressos de seu show.
O advogado Rodrigo Juilão comentou que Léo Lins “sempre foi muito polêmico em suas postagens” e possui “um humor pesado em suas piadas”, mas destacou que “quem paga sabe o que vai ouvir”. Para ele, o comediante não poupa ninguém justamente por seu ofício: “Ele é humorista, não vai pegar leve com ninguém”.
Juilão ponderou, no entanto, que é preciso refletir sobre “qual seria o limite da liberdade de expressão e a vedação do discurso de ódio, algo que tem sido comentado no STF”. Ao contextualizar o tipo de espetáculo, o advogado afirmou que “em shows de stand up é muito comum o comediante utilizar da própria plateia para fazer graça — casais, pessoas com roupas diferentes — é a característica do stand up”.
Sobre a repercussão do caso, ele destacou que Léo Lins “teve uma condenação severa, 8 anos de reclusão por racismo, e ele volta ainda mais forte, usando a própria condenação como piada para vender ingresso”. Juilão ainda comparou os limites do humor com mudanças culturais ao longo do tempo: “Se você pega os comerciais de produtos das décadas de 80 e 90, percebe que hoje eles seriam completamente inadequados, ofensivos”.
Por fim, o advogado afirmou que, embora considere legítima a aplicação da lei, “não deveria ter sido pesada como foi”. Para ele, “se for levar à ferro e fogo, uma pessoa que faz um filme de guerra deveria ser presa por estar pregando o ódio”. Juilão concluiu dizendo que “está se aplicando a lei, mas a lei deveria ser aplicada de acordo com a realidade. A Constituição é de 1988, e tem muita coisa que cai bem nos tempos modernos, mas existem cenários contrários”. E finalizou: “Não basta apenas aplicar a lei, mas é preciso considerar a proporcionalidade à realidade social”.
Apresentado pelo jornalista Paulo Schiff, o ISFM News é transmitido pela rádio ISFM 100,7, de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30. O programa também pode ser acompanhado pelo canal ISFM no YouTube.
A notícia
Condenado a oito anos de prisão por piadas preconceituosas, Léo Lins transformou a sentença em estratégia de marketing para seu novo espetáculo, Enterrado Vivo. Em cartaz em São Paulo, o show vem lotando teatros mesmo com críticas e restrições judiciais.
A divulgação aposta no rótulo de “proibido” para atrair público. A sinopse ressalta que em 2024 o show foi vetado em mais de 50 cidades e promete um “humor provocador que desafia o politicamente correto”, o que gerou curiosidade e aumento da audiência.
Durante a apresentação de 70 minutos, Léo Lins ironiza o sistema judiciário e volta a fazer piadas com os mesmos grupos que motivaram sua condenação: negros, obesos, pessoas com HIV, indígenas, além de abordar temas como nazismo e pedofilia.
A defesa afirma que as piadas são feitas por um “personagem” e tenta reverter a condenação, que ainda está em fase de recurso. A Justiça também impôs multa e indenização por danos morais coletivos devido ao vídeo “Perturbador”, removido do YouTube após ultrapassar 3 milhões de views.
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