Especialistas divergem sobre intenção golpista após interrogatório no STF

Créditos: Bruno Spada / Câmara dos Deputados
O programa ISFM News desta terça-feira (10) abordou as declarações de Mauro Cid durante o interrogatório no STF. Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente editou o plano de golpe e pressionou as Forças Armadas.
Durante o debate, o advogado Joaquim Fernandes avaliou que ainda não é possível estabelecer uma ligação direta entre os fatos investigados e os eventos do 8 de janeiro. Segundo ele, o depoimento de Mauro Cid se baseia mais em interpretações do que em elementos objetivos, e o simples fato de um grupo discutir um plano não significa que tenha havido preparação concreta para os atos que ocorreram na Praça dos Três Poderes.
Fernandes também apontou que existe um intervalo de tempo entre os episódios mencionados na denúncia e os ataques em Brasília que, até agora, não foi devidamente esclarecido. Para ele, a denúncia descreve fatos, mas não estabelece uma conexão clara com a invasão às sedes dos Três Poderes.
Ele também destacou que havia, na época, um receio por parte de Bolsonaro e seus aliados de serem presos ou de desrespeitarem uma ordem do ministro Alexandre de Moraes que proibia contato entre eles — situação que, posteriormente, levou Moraes a autorizar determinadas interações.

Já o médico Benjamin Rodriguez Lopes ponderou que a Justiça deve se basear em provas, e não em suposições, mas acredita que não houve um golpe apenas porque Bolsonaro não teve coragem de levar o plano adiante. Segundo ele, a estrutura foi montada, as reuniões ocorreram no Palácio da Alvorada, e houve a elaboração de um documento com diretrizes autoritárias.
Ele observou que o texto chegou a ser vetado parcialmente por Bolsonaro, que retirou do plano a prisão de diversas autoridades, mantendo apenas o nome de Alexandre de Moraes como alvo. Para Lopes, isso demonstra que havia, sim, a intenção de romper a ordem democrática, mas que a hesitação do então presidente impediu a consumação do golpe.
Apresentado pelo jornalista Paulo Schiff, o ISFM News é transmitido pela rádio ISFM 100,7, de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30. Também é possível acompanhar o programa pelo canal ISFM no YouTube.
A notícia
O STF iniciou nesta segunda (9) o interrogatório dos réus do núcleo principal da tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator do caso, foi o primeiro a depor e confirmou a veracidade da acusação da PGR, dizendo ter presenciado os fatos, mas sem participação direta.
Cid afirmou que Bolsonaro leu a minuta do golpe e sugeriu mudanças, retirando a maioria das ordens de prisão contra autoridades. A única prisão mantida no texto foi a de Alexandre de Moraes, então presidente do TSE.
O ex-ajudante também disse que Bolsonaro esperava encontrar fraudes nas urnas eletrônicas para justificar a anulação das eleições. Ele reafirmou seus depoimentos anteriores e negou ter sido coagido a colaborar.
Em outro trecho, Cid relatou uma conversa informal entre militares, onde Moraes foi alvo de xingamentos. O comentário gerou risos durante a audiência no Supremo. O deputado Alexandre Ramagem também será ouvido.
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