Investigação aponta que viagens frequentes a Belo Horizonte podem ter servido para movimentar valores ilícitos do esquema de fraudes contra aposentados

Reprodução/Agência Brasil
A Polícia Federal investiga a possibilidade de que funcionários de empresas de call center envolvidas na chamada “Farra do INSS” tenham utilizado voos comerciais para transportar grandes quantias em dinheiro vivo. Os trabalhadores eram enviados mensalmente a Belo Horizonte, onde recebiam benefícios como perfumes importados, jantares em restaurantes caros e passeios turísticos.
Segundo informações divulgadas pelo portal Metrópoles, a PF suspeita que essas viagens, além de servirem cmo vantagens indevidas, poderiam ter sido usadas para movimentar recursos ilícitos do esquema de fraudes contra aposentados. O padrão das viagens — com alta frequência, intervalos curtos e número elevado de passageiros — é considerado consistente com operações de transporte de valores.
A estimativa é de que cada passageiro poderia carregar até R$ 5 milhões em notas de R$ 100 em bagagens de mão. As viagens aumentaram a partir de novembro de 2023, coincidindo com o pico das fraudes em descontos indevidos nas aposentadorias e pensões.
A PF também investiga duas viagens internacionais de Domingos Castro, sócio das empresas de call center, para a Argentina e para Miami, com passagem pelo Panamá. A ida aos Estados Unidos durou menos de 24 horas e foi feita com Adelino Rodrigues Júnior, gerente do call center, o que levanta suspeitas de possíveis ligações com contas em paraísos fiscais.
A “Farra do INSS” refere-se a um esquema que desviou R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024 por meio de descontos irregulares nos benefícios de aposentados. Em abril de 2025, a PF deflagrou operação com 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal. O então presidente do INSS foi afastado e três prisões foram efetuadas.