Ex-ministro da Previdência repete trajetória de 2011, quando também saiu do governo Dilma em meio a denúncias

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Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, pediu demissão do Ministério da Previdência Social nesta sexta-feira (2), após a revelação de um esquema de fraudes no INSS que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. A saída marca a segunda vez que Lupi deixa um ministério em meio a escândalos durante governos do PT.
Em 2011, Lupi renunciou ao cargo de ministro do Trabalho no governo de Dilma Rousseff, após denúncias de favorecimento a ONGs com convênios irregulares e uso de aeronaves de entidades beneficiadas. À época, o então ministro chegou a afirmar que duvidava que seria demitido e que só sairia “abatido a bala”. Dois dias depois, em comissão na Câmara, pediu desculpas à presidente e declarou “eu te amo”, ao que Dilma respondeu ironicamente: “não sou propriamente romântica”.
No caso atual, Lupi afirmou que seu nome não foi citado nas investigações e que sempre colaborou com as apurações. Ele destacou que todas as áreas da Previdência apoiaram as investigações desde o início. Apesar disso, registros mostram que o ministro foi alertado sobre os descontos associativos em junho de 2023, mas só adotou medidas concretas em março de 2024.
A Polícia Federal estima que o esquema de fraudes no INSS causou prejuízos de R$ 6,3 bilhões, com descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas. A operação resultou na prisão de suspeitos e no afastamento de dirigentes do INSS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou a demissão de Lupi e nomeou Wolney Queiroz, então secretário-executivo da pasta, como novo ministro da Previdência Social.
Com a nova saída, Lupi repete um roteiro semelhante ao de 2011, deixando o governo em meio a pressões por escândalos. A trajetória do político, marcada por proximidade com o PDT e com os governos petistas, volta a ser questionada diante das recentes denúncias.