Brasil vira plano B da China após tarifaço dos EUA

Sem estratégia, Brasil vira alvo fácil da invasão chinesa após guerra comercial com os EUA

Crédito: Portal ISN Online

O aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses reacendeu a disputa comercial entre as duas maiores potências do mundo — e os impactos desse embate já começam a bater à porta do Brasil. Com produção em larga escala e preços competitivos, empresas chinesas vêm intensificando o movimento de entrada no mercado brasileiro, apontado por especialistas como um dos principais alvos da nova estratégia de expansão do país asiático.

Segundo Vitor Moura, fundador da consultoria Lantau Business Answers e especialista da rede Observa China, a pressão do governo americano acelerou um processo que já estava em andamento: a busca da China por novos mercados. “O consumo interno ainda está se recuperando do baque da Covid. Como a estratégia doméstica de estímulo à economia ainda anda devagar, os empresários estão olhando cada vez mais para fora”, afirma.

Com mais de 200 milhões de consumidores e dimensões continentais, o Brasil chama atenção. O problema, segundo Moura, é que o comércio entre os dois países ainda se concentra nas grandes empresas, o que pode deixar pequenos e médios empresários brasileiros fora do jogo — e mais vulneráveis à concorrência. “Estamos vendo um movimento forte de empresas chinesas de médio porte vindo para o Brasil, com produtos prontos e de alto valor agregado”, diz.

Setores como veículos elétricos, energia renovável e inteligência artificial lideram essa nova ofensiva. Moura cita, como exemplo, uma empresa de scooters elétricas interessada em iniciar operações no Brasil. “O foco está em tecnologia, justamente onde o Brasil ainda engatinha em escala industrial”, ressalta.

Esse avanço preocupa representantes do setor. Para Jesse Guimarães, vice-presidente da Associação Bracham, o país precisa estar atento para não se transformar apenas em um mercado consumidor. “A China tem uma política clara de internacionalização. Agora, o governo incentiva que as empresas saiam em busca de mercados”, alerta. Ele defende que o Brasil imponha cláusulas de transferência de tecnologia para empresas estrangeiras que desejam operar no país.

A ausência de políticas públicas robustas pode abrir caminho para que empresas nacionais sejam sufocadas. “Não dá para competir em pé de igualdade com um modelo chinês baseado em escala e baixo custo. Precisamos nos adaptar, formar parcerias locais e investir em inovação”, afirma Moura.

Guimarães também destaca a importância de diversificar as relações comerciais e cita parcerias com países como Índia e Egito, que possuem tecnologias estratégicas para áreas sensíveis, como fertilizantes, essenciais para o agronegócio brasileiro. Segundo ele, a dependência excessiva de um único parceiro comercial pode deixar o Brasil vulnerável.

Se o governo não agir, o resultado pode ser inflação importada e um mercado ainda mais hostil para a indústria nacional. “Não podemos repetir o erro de aceitar qualquer investimento sem contrapartidas. O Brasil precisa pensar em soberania tecnológica e autonomia produtiva”, conclui Guimarães.

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