Adolescentes seguem apreendidos por ato infracional análogo a homicídio triplamente qualificado; promotores e polícia descartam bullying, seitas ou outros alvos

O assassinato de uma aluna em uma escola particular de Uberaba, ocorrido na última semana, foi motivado por inveja. A informação foi confirmada durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (20), com representantes da Polícia Civil e do Ministério Público. Os dois adolescentes envolvidos seguirão apreendidos em Araxá e foram indiciados por ato infracional análogo ao homicídio triplamente qualificado.
O promotor de Justiça André Tuma destacou que a vítima era uma estudante exemplar, sem inimizades ou histórico de bullying. “Ela tinha uma excelente relação com os colegas, era querida, premiada e praticava sua fé. Não havia motivo pessoal que justificasse o crime”, afirmou.
Segundo o delegado Cyro Outeiro, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, os adolescentes agiram sozinhos e premeditaram o ataque. “Não há terceiro envolvido ou ligação com grupos organizados. O crime foi planejado pelos dois colegas de classe”, disse.
O delegado revelou que o autor da facada caminhou tranquilamente após o crime e foi seguido por outro adolescente, que posteriormente confessou, por escrito, participação no plano de fuga. Ambos permaneceram em silêncio durante os depoimentos e não demonstraram qualquer emoção em relação ao ocorrido.
A motivação do ataque foi confirmada pelo promotor Diego Aguillar: “O autor afirmou que a menina simbolizava alegria que ele não tinha, e que sentia inveja dela. Não havia qualquer relação afetiva entre os dois.”
As autoridades descartaram a possibilidade de feminicídio e afirmaram que não há indícios de que o crime teria se estendido a outras vítimas. Os nomes citados em um caderno apreendido com o autor foram considerados aleatórios e sem conexão com um plano de massacre.
Segundo Fernanda Fiorati, coordenadora regional das Promotorias da Infância e Juventude, o caderno continha textos pessoais e simbologias não relacionadas a seitas ou grupos externos.
O promotor Tuma reforçou que o jovem não apresenta qualquer condição de neurodivergência e era um aluno brilhante, com prêmios e excelente desempenho escolar. “Há muitas especulações sem base real. O que temos são adolescentes inteligentes que planejaram um crime brutal.”
O MP e a Polícia Civil também isentaram a escola de responsabilidade pelo crime, que foi praticado dentro da sala de aula por conveniência. Fiorati enfatizou a importância do papel dos pais na prevenção de tragédias: “É preciso olhar celular, mochila, caderno, conversar com os filhos. Esse acompanhamento é obrigação familiar.”
A sentença para os adolescentes pode ser conhecida em até 45 dias. A pena máxima prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente é de três anos de internação.
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