Projeto de remição pela leitura atrai 233 presos; acervo reúne quase 600 obras e contribui para ressocialização

Menos de dez dias após ser inaugurada, a biblioteca do Presídio de Iturama já conta com a participação de 233 detentos no projeto Liberdade Literária, voltado à remição de pena pela leitura. O número corresponde a mais de 60% dos custodiados da unidade, inaugurada em março deste ano no Triângulo Mineiro.
O acervo da biblioteca, organizado e catalogado pelo detento Fábio Igino da Silva, reúne 583 livros de diferentes gêneros, como romance, autoajuda, ficção, biografias e temas religiosos. As obras foram obtidas por meio de parcerias com empresas, faculdades e órgãos públicos em diversas esferas. Para Fábio, o trabalho vai além de uma função: “É uma forma de me reconectar com o conhecimento e está me transformando.”
O diretor do presídio, Paulo César Furtado, destaca o papel da biblioteca na reabilitação: “Não é apenas promover educação, mas contribuir para um ambiente mais pacífico e produtivo, com impacto positivo para a sociedade na reintegração dos presos.” Já Felipe Assis, outro participante do projeto, relata: “Não tinha o hábito da leitura, mas agora estou gostando e quero ler muito mais.”
A remição pela leitura, prevista na Lei de Execução Penal e regulamentada pelo CNJ, permite ao preso reduzir até 48 dias da pena por ano – quatro dias a cada livro lido e avaliado, com limite de 12 livros anuais. Segundo o Depen-MG, só este ano, mais de 24 mil presos já participam de projetos de remição pela leitura em 122 unidades prisionais do estado.
A diretora de Ensino e Profissionalização do Depen-MG, Míriam Célia dos Santos, afirma que o objetivo é transformar as bibliotecas prisionais em espaços vivos de conhecimento, esperança e cidadania.