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Aos 53 anos, mulher surda se forma em Direito na UFU e se torna pioneira no curso

Márcia Porto superou dificuldades desde a infância até o ensino superior e se tornou a primeira aluna 100% surda a concluir a graduação em Direito na Universidade Federal de Uberlândia

Com 53 anos de idade, Márcia Porto se tornou a primeira mulher surda a concluir o curso de Direito na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A trajetória até a formatura foi marcada por uma série de desafios, desde a infância sem diagnóstico, passando por experiências de exclusão, até a conquista do diploma em uma das universidades públicas mais importantes do Triângulo Mineiro.

Surda desde o nascimento, ela enfrentou uma infância sem acompanhamento médico adequado, viveu em situação de vulnerabilidade social e foi entregue ainda criança a outra família, onde assumiu responsabilidades de adulto. Apesar disso, persistiu nos estudos e encontrou apoio de educadoras que incentivaram seu aprendizado.

A virada em sua trajetória começou com os avanços da legislação brasileira voltada à inclusão de pessoas com deficiência, como a Lei Brasileira de Inclusão. O acesso à educação superior veio durante a pandemia, quando ingressou no curso de Direito da UFU. O início remoto das aulas trouxe novos desafios, como a escassez de intérpretes e a dificuldade de comunicação com os professores.

Durante os cinco anos de curso, contou com apoio de intérpretes de Libras, colegas e professores sensíveis à causa da inclusão. Mesmo conciliando trabalho e estudos, manteve frequência e desempenho acadêmico acima da média. No estágio realizado no Escritório de Assessoria Jurídica Popular da universidade, se envolveu com temas relacionados à conciliação e ao direito à informação acessível.

A formatura foi comemorada como um marco para a inclusão e representatividade da comunidade surda no ensino superior público. Embora ainda existam obstáculos, como a falta de acessibilidade plena em eventos universitários e ambientes externos, a conquista representa um avanço significativo.

O caso de Márcia inspira mudanças no olhar institucional sobre a inclusão e reforça a importância de políticas públicas que garantam o direito à educação para todos.

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