Projeto oferece aulas gratuitas com pranchas adaptadas e histórias inspiradoras na Praia do Itararé

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São Vicente, com sua forte tradição no surfe desde os anos 1960, está ampliando seu legado esportivo com iniciativas que promovem a inclusão. Um dos destaques é o Surf Inclusivo, projeto que oferece aulas gratuitas para pessoas com deficiência — seja física, visual, auditiva, intelectual ou múltipla — com idades entre 9 e 65 anos. As aulas acontecem na Escola de Surf Radical, localizada na Praia do Itararé, no canto da Ilha Porchat.
O Surf Inclusivo é realizado pela Associação Socioeducativa de Esporte e Lazer (ASEL), com apoio da Prefeitura de São Vicente e reconhecimento da Federação de Surf do Estado de São Paulo. As atividades acontecem no principal ponto de surfe da cidade e são conduzidas por uma equipe especializada que garante a adaptação e segurança de cada participante.
“Tem gente que nunca teve contato com o mar. A ideia é oferecer essa oportunidade, respeitando o ritmo de cada um. Às vezes, só de encostar o pé na água já muda tudo. O surfe é o meio, mas o que a gente promove aqui é um momento que transforma vidas”, explica Hélio Willian, o Mad, coordenador do projeto.
Antes de entrarem no mar, os alunos passam por uma avaliação no Clube Ilha Porchat, onde são acompanhados por profissionais de diversas áreas. As aulas começam com atividades na areia, com instruções básicas, e seguem para o contato direto com o mar, sempre com supervisão.

Entre os participantes está Antônio Alves, skatista renomado que nasceu sem as duas pernas e já coleciona troféus no asfalto. Com o apoio do Surf Inclusivo, ele encontrou uma conexão imediata com o mar. “Já tinha surfado com uns amigos, mas só brincando, sempre caindo. Quando soube que ia rolar aula aqui, pensei: por que não tentar de verdade?”, contou Tony, que levou sua habilidade no skate para o surfe, surpreendendo-se com a adaptação.
O projeto também oferece pranchas adaptadas, feitas com materiais como fibra de vidro e poliuretano, que garantem estabilidade e segurança para pessoas com limitações severas. Essas pranchas são uma invenção de Taiu Bueno, campeão brasileiro de Big Rider, que após um acidente ficou com limitações no corpo, mas criou um novo modelo para garantir conforto no surfe adaptado. “O que temos hoje em termos de equipamento, não se vê nem fora do país”, destaca Alexandre Passos, o Cebola, responsável pelo avanço técnico.
Além das aulas de surfe inclusivo, as inscrições estão abertas para participar gratuitamente, e os interessados podem se inscrever no site do Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/surf-inclusivo-2025/2933477). O projeto tem sido um sucesso e representa não apenas inclusão no esporte, mas uma nova forma de pertencimento para os participantes.
Para o coordenador Mad, “Em São Vicente, o surfe nunca foi só manobra. É encontro. É voz. É um chamado que não escolhe corpo, idade ou condição. Onde tudo começou. Onde tudo continua”.