PM investiga omissão de policiais em feminicídio em Santos

Filha de 10 anos tentou salvar a mãe ao se jogar na frente dos tiros; sargento foi preso, e atuação de policiais que atenderam a ocorrência será investigada pela corporação.

Créditos: Redes sociais

A Polícia Militar vai investigar a conduta dos agentes que não impediram o sargento Samir Carvalho de matar a esposa, Amanda Fernandes Carvalho, a tiros dentro de uma clínica médica em Santos, no bairro Marapé. A filha do casal, de 10 anos, também foi ferida ao tentar proteger a mãe. A informação foi divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) nesta quinta-feira (8), um dia após o crime.

Segundo a pasta, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar “rigorosamente” a atuação dos PMs acionados para a ocorrência, que terminou em feminicídio e tentativa de homicídio. O caso reacende o debate sobre a preparação dos agentes e a resposta do Estado diante de alertas de violência doméstica, ainda mais quando envolvem membros da própria corporação.

Contradição em depoimento da PM

Inicialmente, a SSP chegou a informar que os policiais encontraram Amanda já morta ao chegar à clínica, contradizendo a versão da Polícia Civil. A pasta recuou e alegou que aquela nota foi baseada em informações preliminares, antes da conclusão do boletim de ocorrência.

Agora, segundo o novo posicionamento oficial, os PMs chegaram à clínica após serem chamados para uma ocorrência de “desinteligência” e encontraram Amanda e a filha trancadas em um consultório, com Samir — policial de folga — do lado de fora. Ele foi preso em flagrante e levado ao Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.

O boletim de ocorrência indica que quatro policiais militares participaram do atendimento. O caso foi registrado como feminicídio, tentativa de homicídio e violência doméstica na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A Polícia Civil também abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do crime, que envolveu tanto arma de fogo quanto golpes de faca.

A filha tentou salvar a mãe

Informações obtidas revelam que a filha do casal se jogou na frente da mãe para tentar salvá-la dos tiros. Ela foi levada à Santa Casa de Santos, mas o hospital não divulgou o estado de saúde da criança, alegando sigilo e ausência de autorização da família.

Depoimento do médico

O médico responsável pela clínica contou à polícia que Amanda entrou em sua sala assustada, dizendo que era ameaçada pelo marido. Ele trancou a porta, colocou cadeiras para reforçar a entrada e pediu que ela ligasse para a polícia. A vítima respondeu que uma amiga já havia feito o chamado.

Pouco depois, segundo o relato, uma voz masculina do lado de fora disse: “pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”. O médico afirmou ter visto um policial uniformizado ao fundo do corredor e, em seguida, ouviu uma sequência de mais de dez disparos. Ele se escondeu debaixo da mesa até que o atirador fosse contido. Amanda foi encontrada morta com uma faca cravada no pescoço. A menina, ferida, foi socorrida por ele.

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