Durante votação de reajuste abaixo da inflação, vereadora provoca grevistas com declaração elitista.

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A votação do projeto que prevê reajuste nos salários dos servidores municipais de São Paulo foi marcada por tumulto e acusações de racismo dentro da Câmara Municipal, nesta terça-feira (29). Durante discurso na tribuna, a vereadora Cris Monteiro (Novo) provocou os manifestantes que acompanhavam a sessão, ao dizer: “Quando vem uma mulher branca, bonita e rica falar aqui, vocês vaiam”. A fala gerou reação imediata da plateia, que respondeu com gritos de “racista”.
Os protestos partiram de servidores e professores em greve, que têm lotado as galerias da Câmara nas últimas semanas. A proposta em discussão, que teve aprovação em primeira votação na semana passada, prevê reajuste em duas etapas: 2,60% em maio deste ano e 2,55% em maio de 2026 — um total de 5,15%, abaixo da inflação acumulada de 5,65% e das reivindicações da categoria, que pede aumento real e incorporação de abonos.
Diante da reação dos servidores, Cris Monteiro insistiu no tom provocativo. “Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, ficam todos nervosos, porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda todos vocês”, repetiu. O clima na sessão esquentou, e a vereadora discutiu com membros do sindicato, chegando a pedir que um deles se retirasse da galeria. A sessão foi interrompida por mais de 20 minutos.
Após o intervalo, Cris voltou à tribuna e pediu desculpas. Disse que “não teve a intenção de ofender” e lamentou a repercussão. Em nota oficial, reforçou o tom de arrependimento e disse que sua trajetória parlamentar é pautada pelo “respeito e diálogo”. A vereadora Luana Alves (PSOL) informou que o caso será levado à Corregedoria da Casa nesta quarta-feira (30).
Outros casos polêmico
Cris Monteiro já havia protagonizado outro episódio polêmico em 2021, quando se envolveu em uma briga dentro do banheiro com outra vereadora. Na ocasião, o caso também foi parar na Corregedoria da Câmara. Agora, volta a ser alvo de críticas em meio a uma greve que já dura semanas e expõe o desgaste entre governo e funcionalismo público.
Além da fala de Cris, a sessão foi marcada por um confronto físico entre os vereadores Rubinho Nunes (União) e Toninho Vespoli (PSOL). Ao fim de sua fala, Toninho levantou um cartaz em apoio aos manifestantes. Rubinho tentou arrancar o cartaz das mãos do colega. Toninho acusou a extrema-direita de agir com violência e desrespeito. Já Rubinho disse que o ato foi uma provocação típica de quem “vive de gritaria”.
Enquanto os parlamentares trocam acusações, os grevistas seguem pressionando por um reajuste maior. Segundo os sindicatos, o índice proposto pela prefeitura não cobre sequer as perdas acumuladas. As entidades prometem nova assembleia para definir os próximos passos caso o PL seja aprovado em definitivo ainda hoje.
Indignação coletiva
Um comentário considerado desrespeitoso provocou indignação entre autoridades e especialistas durante a edição desta quarta-feira (30) do ISFM News, apresentado pelo jornalista Paulo Schiff. O episódio escancarou, mais uma vez, a fragilidade no decoro parlamentar e o distanciamento entre representantes do legislativo e a responsabilidade do cargo que ocupam.
Durante a transmissão, os comentaristas do programa demonstraram perplexidade com a postura da edil. O engenheiro e presidente da CET-Santos, Antônio Carlos da Silva Gonçalves, foi direto ao apontar o abuso de autoridade: “Algumas pessoas acreditam que o poder é eterno, se sobrepondo às outras pessoas”, declarou. Para ele, a conduta da parlamentar revela uma atitude “infantil” e incompatível com o cargo que ocupa.
A crítica não parou por aí. O advogado Marcelo Pavão fez um alerta ainda mais amplo: para ele, a origem de muitos problemas na política está nas escolhas feitas pelos próprios eleitores. “A culpa de muitos fatos políticos são justamente dos eleitores, que precisam saber em quem vão votar”, afirmou. Segundo Pavão, não basta eleger; é necessário acompanhar e cobrar a continuidade das pautas de interesse público. “O mais preocupante e alarmante é que tem eleitores que pensam como a vereadora e aplaudem esse tipo de comentário que ela fez”, concluiu.
O caso expõe a recorrente ausência de preparo de certos nomes eleitos para legislar. Enquanto a população enfrenta problemas reais — transporte, saúde, segurança — parte da classe política insiste em disputas egocêntricas e comentários que mais desinformam do que constroem.
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