Pontífice temia retrocessos nas pautas sociais da Igreja diante da aproximação entre o Vaticano e políticos aliados de Trump

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Poucos dias antes de sua morte, anunciada nesta segunda-feira (21/04), o papa Francisco expressou, em conversas privadas com membros próximos da Cúria, sua apreensão sobre os rumos da Igreja Católica em um cenário de crescente influência política externa, especialmente ligada ao ex-presidente americano Donald Trump.
Segundo fontes do Vaticano, o pontífice via com cautela o avanço de figuras políticas com discursos polarizadores dentro do espaço religioso. Sua maior preocupação recaía sobre a possibilidade de que seu sucessor fosse pressionado por correntes conservadoras ligadas ao trumpismo, o que poderia representar um retrocesso em pautas sociais que marcaram seu pontificado.
Visita do vice-presidente dos EUA
A preocupação de Francisco ganhou ainda mais força após o encontro entre o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, e representantes da Santa Sé. Embora o encontro com o próprio papa, no Domingo de Páscoa (20/04), tenha sido descrito como cordial e breve, bastando alguns minutos na Casa Santa Marta, bastidores indicam que o pontífice estava ciente da carga simbólica da visita.
Durante a reunião, Vance presenteou o papa com palavras de apoio e orações, enquanto o pontífice lhe ofereceu uma gravata com o brasão do Vaticano, um terço e ovos de Páscoa para os filhos do político. Apesar da troca de gentilezas, temas sensíveis como imigração e liberdade religiosa pairaram sobre os encontros diplomáticos que precederam o Domingo de Páscoa.

Em fevereiro, Francisco havia criticado publicamente a política migratória do governo Trump, classificando as expulsões em massa como uma “grande crise humanitária”. Em carta aos bispos americanos, o papa pediu que os católicos resistissem às “narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário”.
J.D. Vance, que se converteu ao catolicismo em 2019, respondeu com cautela às críticas. Em um evento em Washington, referiu-se a si mesmo como um “católico bebê”, admitindo que ainda havia muito a aprender sobre a fé. Mesmo assim, reforçou que manteria suas convicções políticas, inclusive em temas como imigração.
A morte de Francisco, ocorrida menos de 24 horas após o encontro com Vance, lança uma sombra de incerteza sobre os próximos passos da Igreja. Em meio a uma transição papal, cresce o debate interno sobre o papel da Igreja diante de pressões políticas externas e da polarização global.
Vaticano se pronuncia e tranquiliza os fiéis
Apesar das tensões, o Vaticano reafirmou, em nota oficial, o “compromisso comum” com a defesa da liberdade religiosa e o apoio a populações afetadas por guerras, deslocamentos forçados e perseguições. Agora, o futuro da Igreja será decidido sob o olhar atento de fiéis e líderes de todo o mundo — religiosos e políticos.
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