Ministro do STF acusa ex-assessor de Bolsonaro e seu defensor de tentarem obstruir investigação da delação de Mauro Cid

Reprodução/STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do coronel Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro e réu no inquérito da trama golpista. A medida, executada pela Polícia Federal, foi motivada pela suposta violação de medidas cautelares e tentativa de obstrução da Justiça.
De acordo com a decisão, Câmara descumpriu proibição de uso de redes sociais e de contato com outros investigados. Esse descumprimento ocorreu por meio de mensagens trocadas por seu advogado, Eduardo Kuntz, com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, por redes como Instagram e encontros em pessoa.
O diálogo, ocorrido em janeiro e março de 2024, visava supostamente obter detalhes sobre a delação premiada de Mauro Cid, entrando em conflito com a confidencialidade legal exigida. Moraes qualificou a conduta como “gravíssima”, afirmando que tanto Câmara quanto seu defensor teriam tentado acessar informações sigilosas do acordo.
Na mesma decisão, Moraes determinou a abertura de um inquérito para apurar as possíveis infrações de obstrução de Justiça por parte de Câmara e Kuntz. O ministro também estipulou prazo de 15 dias para que exercício o interrogatório, incluindo Mauro Cid.
A defesa de Eduardo Kuntz apresentou justificativa afirmando que a comunicação com Cid visava atestar a voluntariedade da delação, diante de alegações sobre pressões indevidas — o que motivou pedidos de anulação do acordo pela defesa de Bolsonaro.
Com a prisão e a instauração do inquérito, o caso avança em direção à fase de instrução, sob supervisão do STF, como parte das investigações da tentativa de golpe de 2022.