Parlamentares sugerem travas fiscais para compensar isenção de até R$ 5 mil mensais; governo evita compromissos

Reprodução/Câmara dos Deputados
Em meio à elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano, parlamentares de centro-direita intensificaram a pressão por medidas de contenção de gastos no projeto de reforma do Imposto de Renda. A proposta prevê isenção para contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil. A oposição argumenta que, sem contrapartidas fiscais, a medida pode agravar o desequilíbrio das contas públicas.
Durante sessão nesta quarta-feira (7), o deputado Gilson Marques (Novo-SC) sugeriu ao relator do projeto, deputado Arthur Lira (PP-AL), a inclusão de dispositivos que imponham cortes obrigatórios de gastos ou estabeleçam travas para novas despesas. O objetivo seria compensar a perda de arrecadação decorrente da ampliação da faixa de isenção. Propostas semelhantes foram apresentadas pelo deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP).
O governo, por sua vez, demonstra cautela. Preocupado com os impactos econômicos da alta dos juros e de olho nas eleições de 2026, o Executivo busca manter a percepção de estabilidade do poder de compra da população. Até o momento, não há compromisso formal com as sugestões de cortes de gastos propostas pela oposição.
A recente decisão do Banco Central de elevar a Selic em 0,5 ponto percentual foi justificada pelo aumento das incertezas tanto no cenário doméstico, como nas contas públicas e inflação, quanto na conjuntura global, especialmente devido às políticas comerciais dos Estados Unidos. Com a nova taxa, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de juros reais, atrás apenas de Turquia e Rússia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que, diante do cenário de elevada incerteza, é necessário adotar uma postura de cautela e flexibilidade nas próximas decisões sobre a taxa básica de juros. Enquanto isso, o Federal Reserve manteve os juros nos Estados Unidos entre 4,25% e 4,5% ao ano, alertando para os possíveis efeitos inflacionários das tarifas comerciais implementadas pelo governo Trump.